"Silvio" acerta ao apresentar Senor Abravanel ao fã de Silvio Santos | #CineBuzzIndica

Uma personalidade conhecida em todo o país, que marcou o seu nome na história da TV ao adentrar as casas das famílias brasileiras todas as semanas, é capaz de viver com discrição e manter seus segredos bem longe da mídia?

"Silvio", que já está em cartaz nos cinemas brasileiros, mostra que, mesmo sendo um dos homens mais famosos do Brasil, Silvio Santos ainda conseguia, em alguns momentos, ser apenas um comum Senor Abravanel — ainda que o seu nome de batismo fosse tão imponente quanto o império que construiu.

A novidade, dirigida por Marcelo Antunez, de "Polícia Federal: A Lei é Para Todos" (2017) e estrelada pelo ator e também apresentador Rodrigo Faro, chega com o objetivo de homenagear e humanizar a figura de um ícone, que nos deixou em agosto passado, aos 93 anos.

Qual é a história de "Silvio"?

"Silvio" tem como fio condutor um dos momentos mais difíceis e traumáticos da vida do empresário: o sequestro do apresentador, que aconteceu em agosto de 2001, apenas dias após o fim do sofrimento pelo rapto de uma de suas filhas, Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo, "O Presiente").

Enquanto o Homem do Baú é feito de refém por Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva, "O Sequestro do Voo 375") — mesmo responsável pelo sequestro de Patrícia — em sua própria casa, o longa volta ao passado para mostrar os altos e baixos da vida e a carreira do fundador do SBT. Assista ao trailer:

O que achamos da novidade?

Após a morte do apresentador, o interesse do público em "Silvio" é natural: todos querem saber os detalhes da vida de Silvio Santos, desde o seu início humilde como camelô até a sua transformação em um dos maiores apresentadores da televisão brasileira. Se incluir uma espiada naquilo que, por tantos anos, ficou escondido dos olhos do público, como a vida em família, melhor ainda.

Diante da mira do criminoso, o comunicador se apresenta como Senor Abravanel, deixando claro que Silvio Santos fica dentro dos corredores do SBT e revelando um lado que, para muitos, ainda é um mistério.

Narrando a própria história, Senor abre o coração e relembra os seus maiores arrependimentos. Sem comprometer a imagem de Silvio, o longa mostra que ele escondeu, por um período, o seu casamento com a primeira esposa, Maria Aparecida Vieira Abravanel, a Cidinha, e priorizou o trabalho enquanto ela enfrentava problemas graves de saúde no hospital.

A ausência traz consequências para Silvio: após perder a companheira, o apresentador, que sempre foi bom de improviso e de lábia, vê-se lutando com as palavras para restabelecer uma relação com a primogênita, Cintia. Esse é um dos combustíveis para que Senor consiga não apenas salvar sua vida, mas também negociar com a polícia para garantir a segurança do sequestrador.

Assim como o seu protagonista, a cinebiografia também tem seus desafios. Rodrigo Faro se esforça para separar Senor de Silvio, mas ainda que tenha fugido da caricatura de uma figura tão marcante e carismática, é pouco convicente no papel. A decisão da produção em escalar Felipe Castro e Vinicius Ricci para viver Silvio na juventude — formando um trio nada semelhante — faz com que Faro destoe ainda mais.

Outro problema que "Silvio" enfrenta é o ritmo. Enquanto o apresentador é capaz de salvar duas vidas por saber conduzir um espetáculo com maestria, o roteiro peca por não identificar a hora cerca de encerrar o show.

Na ânsia de incluir tantos momentos e personalidades que fizeram parte da carreira de Silvio Santos, nada recebe a profundidade e o desenvolvimento que merece. Em meio à tensão da história e uma coleção de frases de efeito, o longa parece durar as sete horas do sequestro.

Ainda assim, "Silvio" cumpre a sua missão: mostrar como um homem comum, com ambição e determinação, construiu um império. Ainda que com falhas e arrependimentos, o longa ainda mostra como Silvio Santos foi capaz de usar o seu talento e a habilidade desenvolvida ao longo de uma vida no rádio e na TV para sobreviver a um dos momentos mais desafiadores de sua vida, sem deixar de lado a empatia, que conquistou tantos brasileiros.

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