Leandro Narloch em reportagem para a CNN Brasil - Reproduçção/CNN Brasil
POLÊMICA

Comentarista da CNN Brasil gera polêmica ao dizer que homens gays têm mais chances de ter AIDS

Leandro Narloch comentou sobre a decisão do STF de que homens homossexuais possam doar sangue

Redação Publicado em 08/07/2020, às 18h40

Leandro Narloch protagonizou uma polêmica na tarde desta quarta-feira (08) durante entrada ao vivo na programação da CNN Brasil. O comentarista da emissora chegou a dizer que homens gays têm mais chances de ter AIDS ao falar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que homens homossexuais possam doar sangue.



Os apresentadores Phelipe Siani e Marcela Rahal chamaram Leandro para comentar na Live CNN sobre o assunto e ele já começou dizendo que foi uma “mudança pequena” ao inciar sua resposta. "Antes tarde do que nunca, ne? Vamos chamar o Narloch para recpercutir isso. Narloch! Ainda bem, ne?", introduziu Marcela.

“A mudança na verdade é pequena, ela vai restringir mais a conduta, e não o tipo de pessoa, a opção sexual do indivíduo. Toda essa polêmica começou porque, não há dúvida disso, os gays, os homens gays, eles têm uma chance muito maior de ter Aids, né?”, respondeu o comentarista.

Na sequência, Narloch mencionou uma suposta pesquisa de 2018 sem citar de onde tirou as informações. “Em 2018, uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV”, afirmou.

Ele ainda chegou a relacionar promiscuidade de homens homossexuais com o contágio da doença ao ajudar a perpetuar o estigma. “Mesmo que esse número seja exagerado, e de fato ele parece mesmo exagerado, o fato é que é dezenas de vezes maior, maior a chance do que na população geral. A questão é que outros critérios para exclusão já restringem os gays que têm comportamento promíscuo, né?”, acrescentou.

O comentarista também se arriscou em dizer que a regra antiga seria injusta para o gays que usavam preservativo. "Estava muito injusta com os gays que se cuidavam, que faziam sexo protegido ou, então, que tinham um parceiro só durante toda a vida. E se você simplesmente fizer uma regra, como já existem em vários hemocentros, que exclui as pessoas que têm muitos parceiros sexuais, ou sexo sem camisinha, você já retira todo o problema. Então aí é uma pequena mudança e, sim, muito boa”, finalizou. Confira:

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A CNN Brasil achou que seria uma boa ideia colocar o Leandro Narloch pra comentar a liberação de gays para doar sangue pelo STF. Aí ele falou essa bobagem aí. pic.twitter.com/l8k2clJWML

— Gabriel Vaquer (@bielvaquer) July 8, 2020

Nas redes sociais, ele vem sendo acusado de homofobia. Veja os principais comentários:

Leandro Narloch falar merda não é novidade. O triste é a @CNNBrasil dar espaço para ele, ainda mais sobre um assunto que claramente ele não tem nenhum conhecimento.

Mais uma das muitas bolas foras da emissora

— Raphael Aristides 🇧🇷🇧🇷 (@RaphaoMarshall) July 8, 2020

Leandro Narloch, da @CNNBrasil, fala em “opção sexual” e culpa “promiscuidade gay” por AIDS. Terei todo o prazer de ir à TV e desmentir com dados a LGBTfobia, e de quebra ainda explico por que é orientação, não opção. https://t.co/YOkEUwq2VC

— Thiago Amparo (em 🏡) (@thiamparo) July 8, 2020

ESCLARECIMENTO

Após a repercussão dos comentários de Leandro nas redes sociais, o jornalista resolveu usar seu perfil oficial no Twitter para se justificar e esclarecer sua fala sobre o assunto.

"Como eu disse, a nova regra de doação é muito boa. Restringe a doação baseada na conduta que aumenta o risco, e não na identidade sexual", começou dizendo. "Assim a regra deixa de ser injusta com gays monogâmicos ou que se protegem, que não podem doar sangue enquanto muitos héteros que se expõem a mais riscos podem."

Em seguida, ele afirma que isso não "desmente o fato da prevalência de HIV ser mais alta entre gays". "Isso é de conhecimento notório e incontroverso - mudar essa situação é justamente uma das boas bandeiras do movimento LGBT".

Leandro também citou as críticas que recebeu por ter falado a frase "opção sexual" e não orientação, termos que são defendidos pela comunidade LGBT como corretos para se tratar sobre a sexualidade. "Alguns reclamaram do termo "opção" e não "orientação" sexual. Aí discordo. Acho que existem as duas coisas: gays e lésbicas que o são por orientação e outros que optaram".

Por fim, o jornalista disse que sente muito se o comentário pareceu homofóbico para alguns. "Fiquei muito triste com isso. Não gosto de homofobia e me incomodo bastante em ser rotulado assim."

Caros, quero esclarecer meu comentário de hoje sobre doação de sangue por gays. 1. Como eu disse, a nova regra de doação é muito boa. Restringe a doação baseada na conduta que aumenta o risco, e não na identidade sexual. 1/5

— Leandro Narloch (@lnarloch) July 8, 2020

 

 


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