Baby, segundo longa de Marcelo Caetano (Corpo Elétrico), prova que há amor em uma São Paulo marginal; leia a crítica - Divulgação/Vitrine Filmes
CRÍTICA

Baby prova que há amor em uma São Paulo marginal | #CineBuzzIndica

Premiado no Festival do Rio e no Festival de Cannes em 2024, filme de Marcelo Caetano chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (9)

ANGELO CORDEIRO | @OANGELOCINEFILO Publicado em 09/01/2025, às 14h00 - Atualizado às 14h30

Não existe amor em SP”, já cantava Criolo na música homônima de sucesso. Porém, Baby, segundo longa de Marcelo Caetano (Corpo Elétrico), transcende os limites dessa falta de amor na selva de pedra em um conto urbano queer, que chega aos cinemas a partir desta quinta-feira, dia 9 de janeiro.

A novidade acompanha a jornada de Wellington (João Pedro Mariano), um jovem que descobre a si mesmo em meio à dureza e à beleza da vida em São Paulo. Apelidado de Baby, ele transita entre sua vulnerabilidade e resiliência em sua luta por um lugar no mundo.

Mais do que apenas uma história de sobrevivência, Baby ainda explora a complexa relação do personagem-título com Ronaldo (Ricardo Teodoro, vencedor do prêmio de Melhor Ator Revelação no Festival de Cannes em 2024), um homem que o acolhe, guia, protege e também o desafia. Diante deste vínculo, que surge inesperadamente, o longa revela a sua força ao transformar a dureza das ruas em palco para um romance autêntico e visceral.

O maior trunfo de Baby reside exatamente na recusa em fazer de sua trama um filme de aceitação ou preconceito. Em vez disso, Caetano se aprofunda na complexidade de seus personagens, explorando-os de forma mais humana e singela, demonstrando imenso carinho por eles.

Ronaldo é composto por uma dicotomia entre dureza e sensibilidade. A maneira como o homem, anos mais velho que Baby, acolhe o jovem traduz uma generosidade que o mundo lhe negou. Essa escolha narrativa permite que a produção vá além da redução a um "filme LGBQTIAPN+", oferecendo uma rica discussão sobre o que significa ser humano em meio ao caos urbano. Ver isso, em uma cidade como São Paulo servindo como pano de fundo, é tocante.

Neste ponto, a estética de Baby também merece destaque. A fotografia transforma o centro dessa São Paulo marginal em um personagem vivo, com sua paleta de cinzas pontuada por momentos de cor e vida. Cada frame é cuidadosamente construído para transmitir as emoções dos personagens e a dinâmica do espaço que os cerca. Caetano cria uma metrópole que é tanto um espaço de opressão quanto de encontros inesperados e liberdade. Esse contraste visual fortalece a narrativa, tornando-a ainda mais melodramática.

Ao final, Baby abraça as incertezas e os movimentos de uma cidade que nunca para. Marcelo Caetano entrega uma obra que explora solidão, desejo e resistência, firmando-se como um diretor que entende profundamente seus personagens e as histórias que deseja contar.

Ao contrário de outras histórias LGBTQIAPN+, que frequentemente romantizam ou fatalizam a marginalização, Baby encontra equilíbrio ao capturar tanto as dores quanto os momentos de liberdade de seus personagens. É um filme que não apenas observa seus protagonistas, mas os humaniza, recusando-se a reduzi-los a estereótipos; e é um convite a enxergar a beleza e a melancolia de quem busca não apenas sobreviver, mas viver em paz com seu coração. Afinal, fica claro que existe, sim, amor em SP.

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