"Bling Ring: A História por Trás dos Roubos", documentário da Netflix, estende os 15 minutos de fama da "gangue de Hollywood" - Divulgação/Netflix
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"Bling Ring", documentário da Netflix, estende os 15 minutos de fama da "gangue de Hollywood" | Crítica

"Bling Ring: A História por Trás dos Roubos", já disponível na plataforma, aborda o caso que abalou o mundo das estrelas hollywoodianas

Henrique Carvalho-Nascimento | @hc_nascimento Publicado em 21/09/2022, às 15h15 - Atualizado em 23/09/2022, às 15h00

No jornalismo, há uma regra máxima a ser respeitada, com o risco de ferir a ética jornalística caso contrário, que é a de ouvir todos os lados antes de publicar uma matéria ou reportagem, por mais que cada jornalista tenha um caminho definido sobre como quer abordar aquela história. No cinema, no entanto, não há essa "obrigação" e fica à cargo de seus realizadores definir qual ponto de vista pretende seguir e explorá-lo dentro de sua proposta.

Portanto, haviam diversos caminhos disponíveis para a Netflix construir "Bling Ring: A História por Trás dos Roubos", assim como haviam outros tantos para Sofia Coppola, quando a cineasta decidiu adaptar a história dos roubos às casas de celebridades realizados entre 2008 e 2009, em seu filme "Bling Ring: A Gangue de Hollywood", lançado em 2013. E tudo o que fizeram foi estender por mais um tempo os quinze minutos de fama dos criminosos - exatamente o que eles queriam.

No documentário da Netflix, que estreou na plataforma nesta quarta-feira (21), Nick Prugo Alexis Neiers, dois dos maiores beneficiários da fama resultante dos roubos, são os principais entrevistados. O primeiro conta como tudo aconteceu, que já repetiu diversas vezes para a produção de artigos, livros, reportagens e filmes, enquanto a segunda tenta limpar a sua imagem.

Ambos não parecem se importar realmente com o que fizeram, mesmo porque, o próprio documentário, envolto em cliques luxuosos - estrelados por Nick e Alexis, inclusive - e uma trilha sonora animada - quase uma cópia perfeito do estilo adotado por Coppola em seu filme - valida o comportamento dos dois criminosos. Apesar de entrevistar Audrina Patridge, uma das vítimas, a série, em seus três episódios, nunca chega ao cerne do problema. Mais uma vez, invadir a casa de celebridades e roubar alguns de seus incontáveis itens parece algo legal de se fazer. Por que não?

É inegável que há curiosidade sobre o que aconteceu e esse interesse é justificado, já que é um caso extraordinário. Foi um ataque direto ao mundo perfeito das celebridades que deu certo e os seus responsáveis, apesar de terem sido punidos, hoje estão livres e desfrutando de suas vidas como subcelebridades, regadas por produções que decidem resgatar a história e estender a fama dos envolvidos.

Apenas para efeito de comparação, um exemplo recente é "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez", que optou por não dar voz ao assassinos da filha da autora Gloria Perez: “Durante trinta anos eles falaram o que quiseram para inúmeros veículos, dando versões falsas e essas inverdades foram sendo perpetuadas. Se déssemos espaço para eles, estaríamos fazendo o mesmo que tanto criticamos”, afirmou a cineasta Tatianna Issa, responsável pela produção junto com Guto Barra.

Se "Bling Ring: A História por Trás dos Roubos" pretendia se destacar entre as inúmeras produções true crime surgindo todos os dias, ela poderia ter focado a sua narrativa nas vítimas e explorado o seu lado da história, que até hoje foi abordado apenas superficialmente. Porém, não é o caso e, embora ainda seja interessante de assistir, a minissérie desrespeita as vítimas ao esquecer que, no final, tudo não passou de um crime.

 


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