O drama dirigido por Fabrício Bittar, com Letícia Spiller e Eriberto Leão no elenco, é baseado na história real do menino paraibano Gabriel Varandas
ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 05/12/2024, às 10h15
Apesar do título, é possível afirmar que Inexplicável tem, sim, uma explicação. O longa de Fabrício Bittar (Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro) adapta o livro O Menino que Queria Jogar Futebol: Uma História de Fé e Superação, de Phelipe Caldas, que traz uma narrativa dolorosa e também inspiradora.
A trama gira em torno de um casal, interpretado por Letícia Spiller e Eriberto Leão, que é surpreendido com a notícia de que o filho Gabriel (Miguel Venerabile), jogador de futebol de oito anos de idade, é portador de uma doença gravíssima, que o deixa à beira da morte. A família precisará de força, fé e a ajuda da ciência para encarar o maior desafio de suas vidas pela vida do garoto.
A adaptação do livro para o cinema tem como foco o impacto emocional, e isso fica claro tanto no roteiro quanto na forma como os atores se apropriam de seus papéis. A construção dos personagens, como mencionado por Letícia e Eriberto em entrevista exclusiva ao CineBuzz, não buscou uma fidelidade literária estrita, mas sim uma tradução emocional da história, o que contribui para interpretações bastante emotivas, próximo ao que vemos em novelas, algo tão típico de nossa cultura.
No entanto, o grande trunfo de Inexplicável não está apenas nas performances, mas também na maneira como ele tenta conectar o sofrimento pessoal de seus personagens à universalidade da experiência humana, proporcionando um campo de identificação para aqueles que enfrentam lutas semelhantes ou que também já recorreram à fé. A partir do drama real vivido por Yvanna (Spiller) e Marcus (Leão), a obra tenta transmitir uma mensagem de força e esperança através de personagens que enfrentam momentos difíceis e continuam lutando, mesmo quando as circunstâncias parecem impossíveis.
Embora o filme tenha a intenção de ser uma homenagem à vida, com uma forte ênfase na importância da fé e da resiliência, é possível que sua abordagem possa ser vista como um pouco simplista em alguns momentos. A história é centrada na ideia de que a superação está intimamente ligada à fé, o que, embora poderoso para muitos, pode não ressoar igualmente com todos os espectadores, principalmente aqueles que buscam uma reflexão mais profunda ou crítica sobre questões como a ciência, a medicina e o sofrimento humano.
É justamente essa dualidade vista em Inexplicável: enquanto a mãe se apega ao exercício da fé, junto de outros familiares, o pai é mais cético e questiona a todo o momento como pode existir um Deus capaz de colocar uma criança à prova naquela situação. É realmente bastante covarde quando o próprio cinema faz isso, afinal, é fácil colocar um ser que carrega em si certa pureza, como uma criança, em uma situação vulnerável e tão dramática para que nossa empatia e emoção se aflorem.
É nesse cenário o corpo médico do hospital em que Gabriel está internado se destaca. André Ramiro (Tropa de Elite), vivendo o Dr. Christian, é tão aliado para a família quanto Deus. Ciência e fé caminham juntas. Uma coisa não anula a outra. No geral, Inexplicável é uma história que cumpre o que promete: emocionar e inspirar. Sua mensagem de luta contra o impossível é poderosa, embora sua execução, em certos momentos, não consiga escapar de ser panfletária - ainda que não seja focada em uma religião e mais na fé de se acreditar até o fim. É como diz o personagem do médico ao pai em um momento de reflexão: não acreditar é tão louco quanto acreditar.
A parceria com o GRAACC e a destinação de parte da renda à instituição adiciona uma camada de relevância social ao projeto, ressaltando o lado humano da produção e seu compromisso com a causa.
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