Super/Man: A História de Christopher Reeve revela o verdadeiro significado de ser herói | CineBuzzIndica

Para muitas pessoas, Christopher Reeve é - e sempre será - a personificação perfeita do Superman, um dos grandes super-heróis da história, se não o maior. O documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve, da dupla Ian Bonhôte & Peter Ettedgui, chega aos cinemas para desmistificar essa alcunha que o próprio ator questionava. Afinal, o que é um herói? Para uns, o piloto Ayrton Senna foi um grande herói, já outros têm o pai como figura heroica. 

Para Reeve, o conceito de herói mudou após uma queda de cavalo ocorrida em maio de 1995 que quase o matou e o deixou sem movimentos dos ombros para baixo. Se anteriormente ele acreditava que herói é alguém que realiza uma ação corajosa sem levar em conta as consequências, após o acidente, Reeve passou a ter para si que herói é um indivíduo comum que encontra forças para perseverar e suportar apesar de obstáculos gigantescos. Como ele.

É justamente revelando toda a vulnerabilidade do ator após o infortúnio de seu acidente e mergulhando no lado mais humano do marido, pai e amigo Christopher Reeve que o documentário de Bonhôte e Ettedgui nos aproxima de um homem atlético que, diante dos seus 1,93m, parecia ser invencível e que no entanto se mostrou destrutível - por fora. Se para Reeve e sua família era óbvio que ele não era perfeito - e o documentário toca em algumas feridas -, aos olhos do mundo, o astro que abandonou o teatro para atuar em uma adaptação dos quadrinhos, para a decepção do pai, tinha de ser inabalável.

Devido a isso, momentos como sua aparição na cerimônia do Oscar de 1996, além de sua árdua dedicação ao seu tratamento, são amostras de uma coragem e perseverança que poucos teriam. E essa força não vinha só de dentro do próprio Reeve. Amigos e familiares tiveram participação fundamental em seu processo de recuperação. Um dos maiores suportes vinha do ator Robin Williams (1951-2014), cujo filho é apadrinhado por Reeve. Ambos construíram uma amizade muito poderosa. O documentário chega a recordar de um episódio hilário no qual Williams entrou correndo no quarto de hospital em que Reeve estava, fantasiado de médico e falando com sotaque alemão, dizendo que teria que lhe fazer um exame de próstata. Foi a primeira vez que Reeve riu após o acidente.

Ainda que seja um documentário que presta homenagem ao homem que Reeve foi por trás das câmeras - e que mesmo com suas limitações continuou trabalhando, seja no ativismo, na Christopher Reeve Foundation, hoje nomeada Christopher & Dana Reeve Foundation, como ator no remake de Janela Indiscreta (1998) e ainda como diretor em Armadilha Selvagem (1997) e A História de Brooke Ellison (2004) -, Super/Man não evita temas delicados como sua relação conturbada com o pai Franklin, sua dificuldade com relacionamentos - que o documentário pontua como uma herança maldita dos relacionamentos problemáticos que o cercaram desde sempre -, além de sua polêmica dedicação à pesquisa com células-tronco que causou polarização na comunidade das pessoas com deficiência.

Ainda que não mergulhe tanto nessas polêmicas e traga pessoas “suspeitas”, que só falam bem do documentado, como seus filhos, colegas de set e amigos mais próximos, Super/Man: A História de Christopher Reeve acerta em cheio naquilo a que se propõe. A partir dos relatos de pessoas que conheciam Reeve sem a capa de super-herói e com o uso de imagens inéditas de arquivo revela-se o fato de que ninguém é perfeito, nem mesmo o Superman. E foi dessa forma, com bravura e obstinação, que Reeve não nos convenceu apenas de que o homem poderia voar, como também de que qualquer um pode ser herói.

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