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"Coringa: Delírio a Dois" decepciona com números musicais apáticos e trama vazia | Crítica

Sequência do filme de 2019, que já está em cartaz nos cinemas brasileiros, conta com Joaquin Phoenix e Lady Gaga nos papéis principais

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO
por ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO

Publicado em 02/10/2024, às 17h00 - Atualizado em 03/10/2024, às 15h00

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"Coringa: Delírio a Dois" decepciona com números musicais apáticos e trama vazia - Divulgação/Warner Bros.
"Coringa: Delírio a Dois" decepciona com números musicais apáticos e trama vazia - Divulgação/Warner Bros.

Quem buscou motivos para criticar “Coringa”, de 2019, não precisará se esforçar muito para fazer o mesmo com “Coringa: Delírio a Dois”, inevitável e decepcionante sequência, que já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

Na história, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix, "Napoleão") está institucionalizado em Arkham à espera do julgamento por seus crimes como Coringa. Enquanto luta com sua dupla identidade, o vilão não só se depara com o amor verdadeiro, na forma de Arlequina (Lady Gaga, "Nasce Uma Estrela"), como encontra a música que sempre esteve dentro dele.

Apesar de aguardada por dezenas de milhares de fãs, "Coringa: Delírio a Dois", que conta com o retorno de Todd Phillips à cadeira de direção, parece existir apenas em decorrência do sucesso de bilheteria do longa anterior, responsável por arrecadar mais de US$ 1 bilhão no mundo inteiro e ainda garantir o Oscar de Melhor Ator para Phoenix por sua interpretação do personagem-título. 

Dentre as muitas críticas que o primeiro filme recebeu — desde ser acusado de promover a violência de forma fascista até se levar a sério demais para um blockbuster —, destaca-se a de que Todd Phillips teria, supostamente, "ursupado" referências do cinema de Martin Scorsese, especialmente “O Rei da Comédia”, de 1982, para realizar uma obra autoral que não é tão original quanto pensa ou se propõe a ser.

Nessa continuação caça-níquel, Phillips busca dar uma resposta aos críticos do primeiro longa. Com menor romantização da violência praticada pelo Coringa, o diretor e roteirista trilha um caminho mais psicológico para o personagem e até chega a pincelar alguns temas interessantes como o papel da sociedade diante de um criminoso mentalmente doente. Porém, como tudo apresentado pelo roteiro, falta profundidade.

Além disso, como era de se esperar, considerando o orçamento quatro vezes maior de “Coringa: Delírio a Dois”, Phillips estiliza a nova história a partir dessa roupagem do gênero musical com a intenção de fazer o mesmo que fizera em 2019: criar algo que tenha a sua assinatura. No entanto, a proposta funciona bem enquanto ideia, mas na execução é falha, já que o cineasta não tem a menor noção de como trabalhar o gênero.

Os números musicais, que surgem como se fossem alucinações, delírios ou sonhos de Arthur Fleck (Phoenix), são muito deslocados da linha narrativa principal, que já é fraca, praticamente inexistente, e não sustenta as mais de duas horas de filme. Aí entra a parte musical, que são repetitivos, carentes de emoção e quebram a confluência do enredo.

Dessa forma, “Coringa: Delírio a Dois” fica estagnado diante da incapacidade de uma trama que não consegue desenvolver o estudo psicológico do personagem principal, algo que busca incessantemente nas cenas do tribunal, e que também não evolui quando aposta no romance musical sem química entre Arlequina e o Coringa.

Lady Gaga até tenta construir uma personagem digna de tentar se destacar no meio de tudo, mas é jogada no meio dessa apatia toda e não tem chance alguma de brilhar, para a tristeza dos fãs. No fim, fica claro que esse é apenas mais um produto de uma indústria que só visa o lucro.


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