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Cinema / COBERTURA

Anora, Maria Callas e mais destaques da 48ª Mostra de Cinema de São Paulo

Acompanhe a cobertura da 48ª edição do festival, que acontece até o próximo dia 30 de outubro, pelo CineBuzz e a Rolling Stone Brasil

Angelo Cordeiro
por Angelo Cordeiro

Publicado em 21/10/2024, às 08h45 - Atualizado às 16h00

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Anora, Maria Callas e mais destaques da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece até 30 de outubro - Divulgação
Anora, Maria Callas e mais destaques da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece até 30 de outubro - Divulgação

A 48ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, uma das mais tradicionais da América Latina, acontece até o próximo dia 30 de outubro, com a exibição de 415 filmes de 82 países diferentes, e você acompanha os principais destaque com a cobertura do CineBuzz e da Rolling Stone Brasil, com comentários da equipe. Confira:


Anora

Do que se trata? O longa retrata a vida de Anora (Mikey Madison, Pânico), uma jovem stripper que, assim como num conto de fadas, tem a grande chance de mudar o seu destino ao conhecer o herdeiro de um oligarca russo. Os dois acabam se casando impulsivamente, mas o romance começa a ruir quando a notícia chega aos ouvidos dos pais do rapaz, na Rússia.

Breve comentário: Um dos destaques na programação da 48ª edição da Mostra de São Paulo, Anora, novo filme de Sean Baker (Projeto Florida) e vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, desperta uma curiosidade: o que pode tê-lo feito ganhar o prêmio máximo de um dos festivais mais celebrados do ano?

À primeira vista, não é absurdo classificar Anora como uma comédia romântica, já que os elementos típicos das comédias de casais que se apaixonam e vivem um romance inesperado estão ali.

No entanto, o conto de fadas idealista, que serve de pano de fundo da grande maioria das fitas do gênero, vai se revelando às avessas ao fugir dos clichês e ir abraçando cada vez mais o caos em uma trama imprevisível. Leia a crítica completa de Anora, novidade de Sean Baker, clicando aqui.


Maria Callas

Do que se trata? A tumultuada, bela e trágica história da vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas (1923-1977), revivida e reimaginada durante seus últimos dias na Paris dos anos 1970.

Breve comentário: O mais interessante das cinebiografias que Pablo Larraín dirige é que ele não tem compromisso algum em reproduzir tópicos de Wikipédia ou em traduzir personas míticas a partir de "fatos", coisa que muitos buscam em obras assim - na verdade, eles as desconstrói.

Após Jackie (2016), sobre a ex-primeira dama Jacqueline Kennedy, e Spencer (2021), sobre a princesa Diana, Larraín agora pega um corte muito específico da vida da soprano Maria Callas e nos joga nos devaneios da mente da cantora em seus últimos dias de vida.

Se o que vemos é verdade ou não, pouco importa, pois o interesse de Larraín em ligar o holofote em Angelina Jolie e persegui-la com sua câmera é um exercício de proximidade diante de uma grande atriz e de empatia com Maria.


Malu

Do que se trata?Malu é uma mulher de meia-idade, que teve um passado glorioso e agora está presa em um grande caos existencial. A complexa relação com sua mãe conservadora e sua filha torna a crise ainda mais aguda, entre momentos de carinho e alegria entre as três.

Breve comentário:Pedro Freire surpreende com a maturidade cinematográfica que atinge em sua estreia na direção de longas com Malu. A comparação feita por uns com o estilo de John Cassavetes não é exagero.

O uso das elipses é exemplar e a condução do elenco idem. O trio formado por Juliana Carneiro da Cunha, Yara de Novaes e Carol Duarte — avó, mãe e neta, respectivamente — possui intensidade, personalidade e convicções geracionais que as coloca em conflito constante sem que percam a sensibilidade e o humor.

Poderia dar muito errado pois, além de ter três atrizes grandiosas se digladiando em frente à câmera, toca em temas bastante delicados em pouquíssimo tempo, como saúde mental, o ciclo de violência que passa de geração pra geração, além de ser um projeto pessoal de Pedro como forma de homenagem à sua mãe. Ainda bem que é um filmaço.


FAVORITEN

Do que se trata? A diretora Ruth Beckermann passou três anos acompanhando uma turma de estudantes do ensino fundamental, com idades entre sete e dez anos, e sua dedicada professora, em uma grande escola primária no bairro de Favoriten — local multiétnico e tradicionalmente operário de Viena.

Mais de 60% dos alunos das instituições primárias vienenses não têm o alemão como primeira língua e o sistema enfrenta uma grave escassez de docentes. Conhecemos as crianças como indivíduos à medida que aprendem, crescem e se desenvolvem durante o período que antecede o último ano da escola primária, momento que terá um impacto decisivo no futuro de cada uma delas.

Breve comentário: Muitas das crianças no documentário são oriundas de famílias de imigrantes, o que faz da escola retratada um microcosmo da Europa atual: preconceito, racismo e xenofobia estão ao centro do debate. Ótima e explicativa a cena em que a professora questiona o garoto da Macedônia dizendo que, para ele, só é aceitável bater em um estranho, pois ele nunca vivenciou uma guerra em seu país. Essencial nos dias de hoje.


DAHOMEY

Do que se trata? Novembro de 2021. Vinte e seis relíquias do Reino do Daomé estão prestes a deixar Paris para regressar ao seu país de origem, a atual República do Benim. Os artefatos, assim como milhares de outras peças, foram saqueados pelas tropas coloniais francesas em 1892.

Mas qual postura adotar em relação ao retorno dessas obras ancestrais a uma nação que precisou se construir na ausência delas? Enquanto o espírito desses itens é libertado, o debate sobre o tema se intensifica entre os estudantes da Universidade de Abomey-Calavi.

  • Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim.

Breve comentário: O melhor em Dahomeyé que, mesmo em um documentário, a sempre inventiva Mati Diop (Atlantique) utiliza de elementos da ficção para dar voz e personalidade a uma entre tantas de obras de arte que são devolvidas ao Benin (antigo Reino do Daomé) após terem sido roubadas pelos colonizadores franceses e passarem centenas de anos longe de onde nunca deveriam ter saído. É a história ganhando novos capítulos e debates atuais e relevantes sendo fomentados a partir dela.


GRAND TOUR

Do que se trata? Rangum, Birmânia, 1918. Edward, um funcionário público do Império Britânico, foge da noiva, Molly, no dia em que ela chega para o casamento. Durante suas viagens, porém, o pânico dá lugar à melancolia. Contemplando um vazio existencial, o covarde Edward questiona-se sobre o que terá acontecido com Molly. Desafiada pelo desaparecimento de Edward e decidida a se casar com ele, Molly segue o rastro do noivo em fuga em um grand tour asiático.

Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes.

Breve comentário:

Começa muito bem, mas a segunda metade da história fica meio repetitiva. Além do mais, tem estilos demais sendo aplicados e coisas demais acontecendo ao mesmo tempo num vai e vem cansativo: a homenagem ao cinema mudo, a contemporaneidade do trânsito, o kung-fu, o voice-over, o preto e branco da fotografia (lindo), o romance de desencontros, o olhar exótico para os povos orientais (não sei se foi intenção), e isso tudo junto não casa muito bem. É barulho demais quando a história que mais interessava, a do noivo em fuga, pedia mais silêncio.


MEMÓRIAS DE UM CARACOL

Do que se trata? Grace Pudel é uma garota solitária que coleciona caracóis ornamentais e tem um enorme amor pelos livros. Ainda muito jovem, Grace foi separada do irmão gêmeo, o pirofagista Gilbert, e a partir daí, entrou em uma espiral contínua de ansiedade e angústia. Apesar dessas inúmeras dificuldades, a menina volta a encontrar inspiração e esperança quando inicia uma amizade duradoura com uma idosa excêntrica chamada Pinky, repleta de coragem e desejo de viver.

Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Annecy

Breve comentário: 

Pra quem conhece o Adam Elliott de Mary & Max sabe para onde Memórias de Um Caracol vai. A animação é belíssima e a história melancólica caminha muito bem até cair na armadilha de ser autoajuda logo após criticar a autoajuda. Fora que apela demais para um final feliz à la Disney que me incomodou bastante. Fofinho, mas bem aquém do anterior do diretor. 


O SENHOR DOS MORTOS

Do que se trata? Karsh tem 50 anos e é um empresário renomado. Inconsolável desde a morte da esposa, ele inventa a GraveTech, uma tecnologia revolucionária e controversa que permite aos vivos monitorar entes queridos em suas mortalhas. Certa noite, vários túmulos são violados, incluindo o da companheira falecida de Karsh. Ele então sai à procura dos culpados.

Breve comentário: 

Pelo final parece um filme que não vai a lugar nenhum, mas o que David Cronenberg faz nesse filme, que era pra ter sido o piloto de uma série abandonada pela Netflix, é explorar temas já vistos antes em sua filmografia, como casais em conflito, o uso da tecnologia no dia a dia e o seu avanço - aqui no campo da IA -, o fetiche mórbido de observar um corpo em decomposição, e muita teoria da conspiração que, em específico, dá um tempero absurdamente ácido para esse scifi que mais diverte do que busca ser profundo. 


VERMIGLIO

Do que se trata? Em Vermiglio, uma aldeia no alto dos Alpes italianos, a guerra surge durante o ano de 1944 como uma ameaça distante, porém, bastante presente. A chegada de Pietro, um soldado desertor, transforma a dinâmica familiar do professor local, mudando-a para sempre. Durante as quatro estações que marcam o final da Segunda Guerra Mundial, Pietro e Lúcia, a filha mais velha do docente, se apaixonam de maneira arrebatadora, o que desencadeia consequências inesperadas. À medida que o mundo ressurge da tragédia, a família começa a enfrentar a própria ruína.

Vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Veneza.

Breve comentário:

Ainda que trate de um tema bastante batido, o das mulheres oprimidas por uma sociedade patriarcal, Maura Delpero consegue imprimir personalidade ao seu Vermiglio. Lembra o Entre Mulheres em algum nível, tanto pelo tema quanto pela condução do grande elenco. Destaque para as crianças, que roubam a cena e nos permitem rir com sua inocência em um filme consideravelmente sério. Embora a direção de Delpero seja mais contida e protocolar que a de Sarah Polley em Entre Mulheres, gosto como Vermiglioé menos verborrágico e sem grandes discursos prontos (não me entendam mal, adoro Entre Mulheres), justamente por lançar esse olhar para personagens que ainda não entendem muito da vida mas que já sofrem pelo ambiente em que estao inseridas, mesmo sem entender aonde estão sendo levadas.


ONDA NOVA - GAYVOTAS FUTEBOL CLUBE

Do que se trata? Acompanhamos as histórias das jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, um time feminino formado em 1983, em plena ditadura militar, ano em que o esporte foi regulamentado para as mulheres no Brasil, após ter sido banido por quatro décadas. Com o apoio de renomados jogadores da época, como Casagrande, Pita e Wladimir, elas enfrentam os preconceitos de uma sociedade conservadora. Paralelamente, lidam com problemas pessoais e se preparam para um simbólico jogo internacional contra a seleção italiana.

O filme foi exibido na 7ª Mostra, em 1983. Logo em seguida, foi proibido pela censura do regime militar e só lançado quase um ano depois

Breve comentário:

Só por ser uma obra que sobreviveu à censura da ditadura militar, Onda Nova já vale a visita. A restauração está excelente, além disso, Onda Nova ecoa no tempo ao lidar com temas que até hoje estão em voga, como o direito ao aborto e o futebol feminino - que chegou a ser proibido por aqui. Se tropeça em alguns momentos em uma estrutura que nem sempre se interessa pela ordem, é justamente por essa sua rebeldia que Onda Nova brilha.


OBSERVADORA

Do que se trata? Frankie é uma jovem mãe com discronometria, condição que não a deixa perceber com exatidão a passagem do tempo. Usando fitas cassete para ajudá-la a se orientar, ela acaba aceitando um trabalho arriscado oferecido por uma mulher misteriosa, tudo para sustentar a família, mas sem saber das terríveis consequências que a esperam.

Breve comentário: 

É o tipo de filme que passa despercebido em festivais porque não tem cara de que seria selecionado para nenhum deles. Um thriller à moda Supercine sem uma temática contemporânea como pano de fundo e o diretor Ryan J. Sloan, em sua estreia, não é do tipo que chega com os dois pés na porta, realizando uma fita do gênero que se sustenta mais pelo suspense e curiosidade por seu fim do que pelas tentativas aleatórias de imputar elementos do horror. Mesmo parecendo que poderia se perder no meio de uma trama cheia de mistérios, que sempre nos deixa um passo atrás, é interessante acompanhar a jornada da protagonista que, desesperada por dinheiro, se envolve em uma trama criminal e faz de tudo para livrar sua pele. Lembra muito O Fugitivo, com Harrison Ford, logicamente, aquém desse, mas, ainda assim, efetivo naquilo que se propõe.

Divulgação

Lista em atualização...

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