Ainda Estou Aqui, filme estrelado pela atriz Fernanda Torres, fez história no Oscar ao ganhar a estatueta de Melhor Filme Internacional
Publicado em 06/04/2025, às 07h00
Após 21 semanas em cartaz nos cinemas brasileiros, Ainda Estou Aqui, primeiro filme original Globoplay, chegou neste domingo (6) ao catálogo do streaming após uma vitória histórica na 97ª cerimônia de premiação do Oscar, que levou o Brasil não só a sorrir, como também se emocionar.
O longa-metragem, dirigido por Walter Salles (Central do Brasil), levou a estatueta de Melhor Filme Internacional, o primeiro prêmio do Brasil na história da premiação. Antes da premiação, Rolling Stone Brasil conversou com com Fernanda Torres (Terra Estrangeira) e Selton Mello (Jean Charles, O Palhaço) sobre o processo de construção dos personagens e de sua importância histórica ao retratar um período tão sombrio.
“Este filme pode ajudar a entender por que a democracia é vital”, afirmou Fernanda, reconhecendo que as dificuldades da vida democrática não devem ser confundidas com os horrores de um regime autoritário. “Eu tenho certeza que esses jovens não gostariam de viver no país que eu vivi. E talvez esse filme ajude-os a perceber o porquê.”
Rubens Paiva, vivido por Selton, desapareceu após seguir para prestar depoimento e nunca mais foi encontrado. No lar, ficaram Eunice Paiva, interpretada por Fernanda, e seus cinco filhos, entre eles um ainda jovem Marcelo Rubens Paiva, que viria a se tornar o autor do livro homônimo que serviu de base para o roteiro escrito pelo próprio Walter Salles em conjunto com Murilo Hauser e Heitor Lorega.
Após o desaparecimento do marido, Eunice se vê sozinha, sem o provedor do lar, com dificuldades financeiras e um medo incessante da presença intimidadora dos agentes das forças de repressão do exército militar que ficam à espreita de sua casa.
“A Eunice é uma personagem complexa, uma pessoa complexa”, declarou Fernanda, destacando a importância de entender o que movia aquela mulher, especialmente em um momento tão conturbado da história do país. A profundidade emocional de Eunice, conforme revelado por Fernanda, é ancorada em uma força persuasiva que, mesmo em silêncio, dominava seus interlocutores.
Ela tinha sempre no rosto dela um sorriso e uma contundência que dobrava o seu oponente, sempre com uma enorme inteligência e um sorriso irremovível. Ela não se movia da sua convicção.
Com a tragédia da perda do patriarca, pai e marido, há uma quebra no mundo idílico daquela família. A casa se fecha, representando a chegada da opressão. “A partir desse momento, tudo muda: a luz se subtrai, o som se abafa, e a linguagem se torna mais subjetiva”, explica Walter Salles. A presença da música, tão vibrante no início, dá lugar ao silêncio e à angústia, exigindo uma nova abordagem na filmagem, com câmeras mais fixas e espaços escuros que refletem a tensão do período. O principal pilar fica sendo Eunice Paiva.
Em seu discurso de agradecimento no Oscar, Walter Salles a cita. "Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir... Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva", bradou o diretor no palco da maior premiação do cinema.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e ambientado no Brasil de 1971, durante a ditadura militar,Ainda Estou Aqui conta a história da mãe do autor, Eunice Paiva, que foi obrigada a se reinventar como ativista quando seu marido foi sequestrado e desapareceu durante a ditadura militar. Assista ao trailer:
Ainda Estou Aqui é protagonizado por Fernanda Torres (Tapas e Beijos), Fernanda Montenegro (O Auto da Compadecida) e Selton Mello (O Palhaço), e ainda traz nomes como Maeve Jinkings (Pedágio), Antonio Saboia (Deserto Particular), Humberto Carrão (Marighella), Marjorie Estiano (Sob Pressão) e Valentina Herszage (Hebe - A Estrela do Brasil).
O filme Ainda Estou Aqui fez história no Oscar 2025 e foi indicado em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
A cerimônia aconteceu no dia 2 de março e o Brasil teve o feito inédito ao conquistar seu primeiro prêmio na história da premiação, levando o troféu de Melhor Filme Internacional.
— 📂 Acervo #BBB25 | @niconatv (@niconatvideos1) March 3, 2025
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