No Dia Mundial de Prevenção ao HIV/AIDS, relembre produções que retrataram diversas histórias de pessoas vivendo com HIV
Todo dia 1º de dezembro é marcado por ser uma data voltada à conscientização em relação à prevenção e o combate ao HIV e à AIDS e, no último domingo, não foi diferente. Já se passaram cerca de 40 anos desde que os primeiros casos de infecção pelo vírus se manifestaram e ainda há muitas informações difusas e preconceituosas sobre o assunto, principalmente entre os mais jovens e os mais conservadores.
Não há certeza de quando o Vírus da Imunodeficiência Humana, ou HIV, surgiu, mas houve uma manifestação maior entre homens gays, homens que fazem sexo com homens (HSM) e mulheres transexuais nos primeiros anos da década de 1980.
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Silencioso e sem tratamento eficiente à época, o vírus era responsável por destruir o sistema imunológico dos portadores e abrir as portas para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS, doença que levou muitas pessoas à morte nos anos seguintes à sua aparição.
Considerado uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), por seu meio de transmissão mais comum ser o sexo, o HIV gerou pânico entre as décadas de 1980 e 1990 por conta de seu poder destrutivo, além de construir preconceitos e estigmas que se mantém até hoje, quando o tratamento do vírus já está bem mais avançado e garante aos seus portadores a possibilidade de viver uma vida normal apesar da IST, inclusive prevenindo-os de desenvolver a AIDS em qualquer estágio da infecção.
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No cinema e na TV, o tema já foi abordado em diversas produções e, inspirados pelo Dia Mundial de Prevenção ao HIV/AIDS, nós separamos algumas delas e remontamos uma trajetória do HIV e da AIDS em filmes e séries que mostram a evolução da luta e as conquistas positivas que salvaram vidas, mudaram outras e ajudaram a desmitificar o assunto. Confira:
The Normal Heart
Dirigido por Ryan Murphy (Pose, American Horror Story), o longa retrata o começo da epidemia de AIDS em Nova York, além de trazer um recorte bastante específico da doença: o de que ela seria um "câncer gay", ou seja, que se manifestava apenas entre os membros da comunidade LGBTQIA+ da época, principalmente em gays, homens que fazem sexo com outros homens (HSH; homens bissexuais ou que se identificam socialmente como heterossexuais) e transexuais.
O estigma, que levou esse grupo a ser tratado por muitos anos, de forma preconceituosa, como um grupo de risco, retardou em muito as discussões sobre prevenção e investimentos no desenvolvimento para tratamentos da infecção, resultando em diversas mortes e pânico entre os portadores do HIV.
Filadélfia
Com poucas informações acerca do HIV e o medo pelos efeitos devastadores da AIDS nas pessoas que desenvolviam a doença, o preconceito com portadores do vírus tornou-se habitual à época de suas primeiras manifestações.
Em Filadélfia, a questão social do HIV é tratada através da história de Andrew Beckett (Tom Hanks), um querido advogado que acaba demitido após seus chefes descobrirem que ele é HIV positivo e, sem tratamento, apresenta os primeiros sintomas da AIDS.
Vítima de preconceito, o jovem vai à Justiça, representado por Joe Miller (Denzel Washington), um advogado secretamente homofóbico, provar que foi dispensado por ser gay e portador do vírus.
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Clube de Compras Dallas
Vencedor de três Oscar em 2014, Clube de Compras Dallas é um importante filme sobre o assunto por dois motivos: é inspirado na história de Ron Woodroof, um homem heterossexual que é diagnosticado com a AIDS em 1985, no auge da epidemia da doença nos Estados Unidos, ajudando a combater o estigma de que a doença se manifestaria apenas em meio à comunidade LGBTQIA+, e mostra as primeiras evoluções no tratamento do HIV e da AIDS que permitem aos seus portadores uma vida mais duradoura.
Decidido a não aceitar a sentença de morte, ao descobrir que tem apenas mais um mês de vida em decorrência dos efeitos da doença, Ron (Matthew McConaughey) busca formas de sobreviver, com a ajuda da travesti Rayon (Jared Leto).
Ao perceber que o tratamento ao qual os pacientes com a doença estão sendo submetidos não tem resultados positivos no diagnóstico, Ron, outrora um homem extremamente preconceituoso, vai atrás de meios alternativos de tratamento e cria uma rede de distribuição alternativa de remédios para combater a doença.
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Angels in America
Clássico da Broadway, a peça teatral escrita por Tony Kushner tornou-se um sucesso ao tratar do tema com um misto de drama, comédia e fantasia e foi adaptada para uma minissérie na HBO em 2003, estrelada por Al Pacino, Mary-Louise Parker, Patrick Wilson, Emma Thompson, Michael Gambon e Meryl Streep, entre outros.
Na trama, Prior Walter (Justin Kirk) acaba abandonado por seu namorado de quatro anos, Louis Ironson (Ben Shenkman), após revelar ser portador do HIV para o namorado, que é sorodiscordante e não sabe lidar com a situação. A história se desenvolve sob o mandato de Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos, lembrado por ter ignorado o perigo da doença.
Há também a história de Roy Cohn (Al Pacino), apoiador de Reagan, um homossexual no armário que também é diagnosticado com AIDS e finge iniciar um tratamento de câncer para que sua condição verdadeira não seja revelada. Rico, ele tem acesso a tratamentos que a maioria não tem e os remédios que obtém acabam parando em uma das redes de pessoas e grupos que começam a surgir no intuito de prevenir e tratar a doença e exigir medidas combatitivas do poder público.
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Pose
Uma dessas redes é a ACT UP - AIDS Coalition to Unleash Power (ou A Coalização de Aids para Liberar o Poder, em tradução livre), grupo político de base internacional fundado em 1987 com o intuito de combater a epidemia de AIDS e melhorar a vida dos portadores da doença através de ações diretas, como a busca por tratamentos, pesquisas médicas e a luta por políticas públicas.
A rede aparece na segunda temporada de Pose, série criada por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Steven Canals que aborda o cenário LGBTQIA+, as comunidades afro e latino-americanas e a cultura ballroom dos anos 1980 e 1990, além de, é claro, também abordar a epidemia de AIDS que ocorria na época, com alguns de seus personagens principais, como Blanca Evangelista (MJ Rodriguez) e Pray Tell (Billy Porter), sendo portadores do vírus HIV.
A série tem como uma de suas referências o documentário Paris Is Burning, lançado na década de 1990, que ganhará uma nova versão em 2020.
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120 Batimentos Por Minuto
A ACT UP é retratada de forma ainda mais profunda neste filme de 2017, mas com o foco na organização do grupo na França, no início da década de 1990.
120 Batimentos Por Minuto foca no ativismo do grupo, em protestos e manifestações não só pelo combate à doença, mas para chamar a atenção da mídia e da sociedade para a causa, métodos de prevenção e incentivar o investimento em tratamentos.
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Malhação
Exibida no começo dos anos 2000, a 6ª temporada de Malhação apresentou a história de Erica, interpretada por Samara Felippo, que acaba infectada com o HIV pelo ex-namorado. Em um novo relacionamento com Touro (Roger Gobeth), Erica sofreu, mas acabou descobrindo que era possível viver normalmente com o vírus caso seguisse o tratamento de forma adequada. Dessa forma, a garota pode viver sua vida ao lado do amado, com quem chegou a se casar ao fim da trama.
Em 2016, a novela voltou a introduzir um personagem HIV positivo, o jovem Henrique (Thales Cavalcanti), que já nasceu com vírus, transmitido pela mãe durante a gravidez. No entanto, a nova abordagem gerou críticas entre ativistas da causa: em um episódio, o jovem esbarra em uma colega, que acaba ferida. Desesperada, a menina vai à enfermaria do colégio e o médico a receita um coquetel de medicamentos contra o HIV, que no Brasil leva o nome de Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
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Porém, o uso do coquetel só é recomendado quando há real exposição ao vírus, como em relações sexuais desprotegidas ou no caso de rompimento da camisinha, por exemplo. Outra questão pontuada é que Henrique também toma o coquetel de remédios e, por isso, sua carga viral é indetectável, ou seja, o HIV não está ativo em seu corpo, o que diminui a quase zero as chances do jovem transmitir o vírus em qualquer situação.
Os erros foram acertados ao longo da trama e Henrique, inclusive, chegou a protagonizar a série derivada Eu Só Quero Amar, focada no relacionamento do jovem com a namorada Camila (Manuela Llerena), que era sorodiscordante e não possuía o vírus.
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Tales of the City
A temporada mais recente da série, lançada em junho deste ano pela Netflix, também apresentou um casal sorodiscordante, formado por Mouse Tolliver (Murray Bartlett) e Ben Marshall (Charlie Barnett).
Mouse convive com o vírus há alguns anos, sempre em tratamento, e sua carga viral é indetectável, o que possibilitaria que ele tivesse relações sexuais com o namorado sem camisinha, já que, além das chances reduzidas de transmissão do HIV, Ben também toma Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), o mesmo coquetel de remédios tomado pelo namorado, mas que age na prevenção da infecção quando a pessoa não tem o vírus.
No entanto, apesar do incentivo de Ben, Mouse tem problemas para se livrar do medo de, por qualquer descuido, acabar infectando o namorado.
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BÔNUS
Carta Para Além dos Muros
A Netflix estreou, na última sexta-feira (29), o documentário Carta Para Além dos Muros, que retrata o surgimento e a evolução do HIV e da AIDS no Brasil, desde a década de 1980.
O longa conta com a participação de profissionais, ativistas e membros da comunidade LGBTQIA+ e mostra como a epidemia afetou o país, gerou preconceitos e tirou vidas, inclusive as de ídolos da nação como Cazuza e Renato Russo, antes de ser combatida com o tratamento antirretroviral oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que ao longo dos anos foi reconhecido com um dos programas mais eficientes no tratamento a portadores do vírus HIV do mundo.
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