Ator falou sobre a sua transição em uma entrevista à revista norte-americana Time
Conhecido por sua atuação em filmes como "Juno" e "A Origem", além da franquia "X-Men" e a série "The Umbrella Academy", atualmente indo para a sua terceira temporada na Netflix, o ator Elliot Page assumiu ser um homem trans em dezembro de 2020 e, cerca de três meses depois, em uma entrevista à revista Time, falou como era ser uma pessoa transgênero no meio artístico antes de resolver tratar abertamente de sua identidade.
O ator falou que não se lembra quando começou a se questionar sobre a sua identidade de gênero, mas diz ter sentido um sentimento de triunfo quando cortou o seu cabelo curto pela primeira vez, aos nove anos de idade: "Eu me sentia como um garoto", revelou. "Eu queria ser um garoto. Eu perguntava à minha mãe se eu poderia ser algum dia". No entanto, tendo começado a atuar aos 10 anos de idade, Elliot acabou sendo forçado a sempre voltar a parecer como uma menina para os papéis que conquistava.
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"Eu nunca me reconhi. Por muito tempo, eu mal podia olhar para uma foto minha", ainda disse o ator, que também afirmou ter tido dificuldade para se ver nos filmes que fazia, principalmente naqueles em que interpretava papéis mais femininos. Na época em que participou de filmes como "X-Men: O Confronto Final", de 2006, e "A Origem", de 2010, Elliot estava sofrendo com depressão, ansiedade e ataques de pânico.
Elliot revelou que não sabia "como explicar às pessoas que embora [eu fosse] um ator, só o ator de colocar uma camiseta feita para uma mulher me faria tão mal". A situação melhorou quando o ator se assumiu como gay em 2014 e começou a exigir guarda-roupas masculinos como condição para aceitar trabalhos. Ainda assim, ele não se sentia completamente realizado: "A diferença em como eu me sentia antes de me assumir como gay e depois foi massiva. Mas o desconforto no meu corpo foi embora? Não, não, não, não", declarou.
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O ator ainda disse que se inspirou em personalidades como a diretora Janet Mock e a atriz Laverne Cox, que encontraram o sucesso como mulheres trans em Hollywood, para tomar coragem para revelar que era um homem trans. Outro fator importante foi o livro autobiográfico "Becoming a Man" ("Tornando-se um Homem", em tradução livre), de P. Carl: "Eu estava finalmente apto para aceitar ser transgênero e me deixar me tornar quem eu era completamente", declarou.
Após ter tomado a decisão, além de ter mudado o seu nome e definido os pronomes pelos quais gostaria de ser tratado, Elliot passou por uma mastectomia, para retirar os seios. Apesar de enfatizar que a cirurgia não é o que faz uma pessoa trans, ele descreveu o procedimento como algo que, para ele, tornou possível finalmente se reconhecer ao se olhar no espelho. "Isso transformou completamente a minha vida", afirmou o ator.