‘Em Nome de Deus’ traz entrevistas com vítimas e com personagens que explicam a ascensão e a prisão do médium mais famoso do Brasil
No dia 23, o Globoplay estreia a série documental original ‘Em nome de Deus’, que acompanha a história do médium João de Deus desde sua infância em Itapaci, em Goiás, até sua prisão por crimes sexuais. Em seis episódios, a série mostra o trabalho realizado ao longo de 18 meses e aborda os crimes e a dualidade do curandeiro – um homem que inspira fascínio e repulsa. A obra também será exibida pelo Canal Brasil, parceiro do projeto.
Com condução de Pedro Bial e da roteirista Camila Appel, a série traz, como ponto de partida, as investigações que levaram às primeiras denúncias feitas, com exclusividade, no programa ‘Conversa com Bial’, em 2018. Mulheres revelaram que, ao buscar tratamento espiritual, foram abusadas sexualmente pelo médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. Os dias que se seguiram à exibição do programa foram tomados por grande repercussão e perplexidade, enquanto centenas de outros casos começaram a vir à tona. Em questão de dias, João de Deus foi indiciado e, posteriormente, condenado a 40 anos de prisão.
Das primeiras suspeitas da roteirista Camila Appel até a concessão de prisão domiciliar a João de Deus, em março deste ano, o documentário revela a vida paralela do líder espiritual, a sua ampla rede de proteção e denúncias de crimes graves. A série acompanha passo a passo a investigação da equipe no Brasil e no exterior, em viagens para Holanda e Estados Unidos, revelando supostos crimes cometidos bem distantes de Abadiânia, interior de Goiás. Uma das celebridades mais próximas de João de Deus, a apresentadora Xuxa Meneghel dá um depoimento contundente sobre sua decepção com o médium. O documentário também analisa a popularidade dos curandeiros espirituais no Brasil.
Em Nome de Deus’ também conta com relatos exclusivos de vítimas do médium – entre elas, a filha de João de Deus. O estúdio onde foi gravado o “Conversa com Bial”, que deu início às denúncias, foi também o palco do primeiro e emocionante encontro destas mulheres, para falar sobre suas histórias. "‘Em Nome de Deus’ é a história de mulheres e de sua coragem de reagir. Mais do que resistir, de agir, a partir do sofrimento, da humilhação e do massacre que sofreram. É um documentário sobre a voz das mulheres", afirma Pedro Bial.
‘Em Nome de Deus’ é uma série original Globoplay que conta com argumento e criação de Pedro Bial, direção de conteúdo de Fellipe Awi e direção de Monica Almeida, Gian Carlo Bellotti e Ricardo Calil. Para gravar a série, foi feita uma extensa pesquisa de arquivo em documentários e programas de TV nacionais e estrangeiros, além ter sido usado material de arquivo pessoal das vítimas e das casas em que o médium atuava em Goiás e no Rio Grande do Sul.
O projeto reforça o compromisso do Globoplay de trazer para plataforma, cada vez mais, temas relevantes, que dialoguem com a sociedade através de séries documentais originais e exclusivas. “Os documentários do século XXI se beneficiam da nova tecnologia digital, que permite captação de maneiras originais e renovadas, e de grande capacidade de armazenamento. E isso estimula a linguagem. O Brasil tem um manancial enorme de assuntos e conteúdo para documentários de grande valor”, reforça Pedro Bial.
Os seis episódios estarão disponíveis para assinantes do Globoplay, no Brasil e nos Estados Unidos, a partir do dia 23. No Canal Brasil, a série será exibida a partir do dia 24 de junho, de quarta-feira a segunda-feira, sempre às 20h50.
O relato das vítimas e a roda de mulheres
Quando a edição histórica do ‘Conversa com Bial’ foi ao ar, em 2018, com as primeiras denúncias das vítimas, descobriu-se uma teia de novos casos. Na série documental, os episódios são costurados por depoimentos inéditos de sete mulheres, de diferentes idades e regiões, que decidem mostrar seus rostos pela primeira vez e expor como atuava João de Deus. As vítimas - uma advogada, uma atriz, uma fisioterapeuta, uma professora, a filha de João de Deus, uma costureira e a coreógrafa holandesa Zahira Mous - nunca haviam se encontrado, mas aceitaram se reunir em uma roda para um momento de escuta solidária.
“Ficamos mais de oito horas ali, em dois dias diferentes. Foi uma experiência emocionante e, apesar do nível de terror de tudo aquilo, uma experiência muito mais bonita do que triste. De esperança”, conta Camila Appel, que conduziu a conversa.
Ao longo dos seis episódios são mostrados trechos desta conversa entre as vítimas, repercutindo a história de cada uma e jogando luz em aspectos similares: a crença comum na busca por um milagre do médium, o padrão nos abusos, a vulnerabilidade e o sentimento de indignação, medo e vergonha. Também vêm à tona o desejo de justiça e demonstrações de gratidão por Zahira, a primeira a mostrar o rosto na edição do "Conversa" de 7 de dezembro de 2018.