Longa é o primeiro sem Sidney Prescott, mas ainda sobrevive da história de sua antiga protagonista
Henrique Nascimento (@hc_nascimento) Publicado em 08/03/2023, às 05h01 - Atualizado às 07h00
É difícil imaginar o que Kevin Williamson e Wes Craven esperavam quando lançaram "Pânico" há quase trinta anos. Fato é que, desde o primeiro filme, a franquia cresceu além dos seus idealizadores - Craven morreu em 2015, após filmar o 4º filme, e Williamson se afastou da produção na mesma época - e segue conquistando fãs, que anseiam por novos lançamentos de tempos em tempos.
Além das referências e tiradas metalinguísticas a filmes de terror, que são caracterícticas de destaque de "Pânico", a franquia tem outro diferencial: mesmo que as sequências sempre tentem inovar e superar o longa anterior, elas se mantém dentro de um mesmo contexto, que é a história de Sidney Prescott. Os filmes podem dar voltas e mais voltas, mas sempre acabam voltando para a "final girl" original da história, vivida por Neve Campbell.
Mesmo em "Pânico 5", lançado no ano passado, James Vanderbilt e Guy Busick, que substituíram Williamson como roteiristas, e os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett encontraram uma forma se manter no universo de Sidney, criando uma ligação da nova sobrevivente da franquia, Sam Carpenter (Melissa Barrera), com a história de sua antecessora.
Porém, em "Pânico 6", que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9), a fonte dá sinais de que está esgotando. Pela primeira vez, Sidney está totalmente fora de cena - não por falta de interesse dos idealizadores do longa, mas por decisão de Campbell - e isso abre espaço para solidificar Sam como a nova protagonista, o que é ótimo, e dar um novo rumo à franquia - o que não acontece, infelizmente.
Em "Pânico 6", Sam, junto com a sua irmã, Tara (Jenna Ortega), e os gêmeos Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding), se mudam para Nova York após o último massacre em Woodsboro. A ideia é se afastar de tudo o que aconteceu com eles, mas não é fácil ser uma sobrevivente do Ghostface.
Enquanto tenta superar trauma do massacre, Sam também precisa lidar com acusações online de que foi responsável por orquestrar os ataques apenas para culpar o seu ex-namorado, Richie Kirsch (Jack Quaid), e a ex-melhor amiga de Tara, Amber Freeman (Mikey Madison), que estavam sob a máscara do Ghostface na história anterior.
Em meio a tudo isso, um novo e ainda mais violento assassino entra na vida dos sobreviventes com um objetivo bastante claro: terminar o que Richie e Amber não conseguir e matar Sam e Tara, não importa quantos corpos deixarão pelo caminho.
Em termos de entretenimento, "Pânico 6" cumpre a sua função com primor na maior parte de suas duas horas de duração. Para os fãs da franquia, é também um deleite, por mergulhar de cabeça no universo de "Pânico", revisitando todos os filmes da franquia, para criar uma história original e que realmente prende o espectador.
O principal acerto é colocar todos os personagens principais em xeque, incluindo a própria protagonista. Um movimento ousado, que todo fã já deve ter considerado em algum momento, mas que não faria o menor sentido com Sidney, como o próprio filme aponta. Mas faz todo o sentido com Sam, a filha de um serial killer.
Porém, em seu desfecho, toda a ousadia do filme se esvai em uma conclusão pouco interessante e sem criatividade. Um final que já vimos antes. Apesar de todas as tentativas de inovar e fazer a proposta inicial valer na história, "Pânico 6" escolhe o caminho mais fraco possível, que é o de copiar a obra de Wes Craven.
Não dá para não pensar que esse poderia ser o melhor filme de "Pânico" até hoje, caso os idealizadores decidissem colocar o passado no passado de uma vez por todas. Como fã, amo Sidney e sua história, mas ela já não faz mais sentido na franquia. A personagem tem uma família, está bem, feliz e já não tem motivos para abandonar tudo e arriscar a própria vida a cada novo Ghostface.
Felizmente, Neve Campbell, ao decidir se afastar da franquia, nos deu exatamente o que precisávamos: um novo caminho. Agora, roteiristas e diretores precisam entender isso, caso queiram continuar a produzir mais filmes da franquia. O universo de "Pânico" já é bastante amplo, não há necessidade de voltar sempre ao mesmo ponto.
Talvez ainda falte coragem (ou criatividade) para abandonar o legado de Kevin Williamson e Wes Craven para encarar os fãs de frente com uma nova proposta. De fato, é um risco, mas se é pra termos novos filmes de "Pânico" que são apenas repetecos do que já vimos antes, é melhor não termos.
Apesar de tudo, preciso usar o argumento que mais odeio em qualquer crítica e dizer que "Pânico 6" é sobre a jornada, não sobre o seu desfecho. O final é medíocre? É, sim. Mas o caminho para chegar até lá, especialmente se você é fã da franquia, é muito gostoso. É instigante, violento e sanguinário. É tudo o que a gente quer ver mesmo. E, por isso, já vale muito o ingresso.
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