Longa de estreia do diretor Pedro Freire está em cartaz nos cinemas brasileiros e traz três gerações de mulheres fortes buscando se entender
Publicado em 04/11/2024, às 16h00
Em sua estreia na direção de longas, Pedro Freire surpreende com a maturidade cinematográfica em Malu, realizado em tributo à sua mãe, Malu Rocha (1947-2013), uma atriz notável da cena cultural brasileira. Exibido na 48ª Mostra de Cinema de São Paulo, o filme saiu grande vencedor no último Festival do Rio com os prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Yara de Novaes) e Melhor Atriz Coadjuvante (dividido entre Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha).
A sinopse é simples, contrastando com a complexidade da história: Malu (Yara de Novaes, Depois a Louca Sou Eu) é uma atriz desempregada que vive das memórias de seu passado glorioso e divide uma casa em uma favela do Rio de Janeiro com sua mãe conservadora (Juliana Carneiro da Cunha, Eduardo e Mônica). Ela também tem um relacionamento conturbado com sua filha (Carol Duarte, A Vida Invisível).
O foco em temas delicados, como saúde mental e a perpetuação de ciclos de violência, é outro ponto de conexão entre Malue a obra de Cassavetes. Ambos os cineastas se atêm a questões sociais e emocionais complexas, evitando o melodrama simplista e em vez disso, optando por uma exploração mais profunda e, por vezes, dolorosa da condição humana. A intensidade dessas personagens se torna palpável, refletindo não apenas suas convicções individuais, mas também um ciclo de conflitos que se perpetua através do tempo.
Freire trata de temas delicados como saúde mental e o ciclo de violência entre gerações com uma sensibilidade admirável. Ele evita o tom pesado que poderia facilmente dominar a narrativa, optando por uma abordagem que mescla leveza e profundidade. Essa escolha permite que o espectador se conecte com as personagens sem se sentir sobrecarregado pela dor que elas carregam - ainda que compartilhe de suas dores. A identificação com suas lutas se torna uma experiência genuinamente emotiva. O que poderia ser um embate intenso se transforma em um diálogo poderoso, onde a empatia e o entendimento são constantemente buscados, mesmo diante das divergências.
Por fim, Maluse destaca por sua habilidade em capturar a essência das experiências humanas, lembrando-nos que, mesmo nas relações mais tumultuadas, a busca por conexão e compreensão é uma força motriz. É um filme que, com seu olhar honesto e tocante, nos convida a refletir sobre nossas próprias histórias familiares, tornando-se uma obra relevante e emocionante no cinema brasileiro mais recente.
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