Novo live-action da Disney, inspirado na animação clássica, chega aos cinemas nesta quinta-feira (25)
Henrique Nascimento | @hc_nascimento - Publicado em 24/05/2023, às 09h00 - Atualizado em 25/05/2023, às 14h00
Sempre que me envolvo em uma conversa sobre algum live-action da Disney, não há como fugir da discussão: "por que a Disney continua a fazer esses filmes?" Com a estreia de "A Pequena Sereia", na próxima quinta-feira (25), a pergunta está de volta à mesa. Por quê?
Há mais de 30 anos, quando foi lançada a animação sobre a sereia com o desejo de conhecer o mundo fora do mar, não existia nem mesmo a mera ideia de um serviço de streaming, então a experiência de assistir a um filme era completamente diferente: ou você ia ao cinema para assistir ou esperava meses para o lançamento da fita VHS para alugar ou comprar e conferir em casa.
Lembro de visitar amigos, mesmo depois de os videocassetes já terem deixado de existir, e ver que eles guardavam as fitas da Disney de muitos anos atrás. Quem não lembra do clássico VHS verde de "O Rei Leão"? Nem todos eram tão marcantes quanto ele, mas a verdade é que as histórias contadas através dessas fitas, como "A Bela e a Fera", "Aladdin", "Mogli: O Menino Lobo" e "A Pequena Sereia", entre tantas outras, marcaram a infância de muitos.
A discussão sobre os motivos para existirem ou não esses live-actions atuais, portanto, é intrínseca à nostalgia que as pessoas sentem por essa época. De um lado, há o medo do que os novos filmes farão para a memória que os fãs dessas histórias preservam há anos e, na outra ponta, uma oportunidade da Disney de lucrar em cima disso.
Na queda de braço, a Disney vence, porque o antigo fã se rende à curiosidade e, para o bem ou para o mal, paga o seu ingresso para testemunhar a nova versão da história, mesmo que o saldo acabe não sendo positivo. Tanto é que as versões de "A Bela e a Fera" (2017), "O Rei Leão" (2019) e "Aladdin" (2019) renderam mais de um bilhão de dólares cada aos cofres do Mickey Mouse. Mas até quando a aposta vai continuar se pagando?
Praticamente idêntico à animação, o live-action de "A Pequena Sereia" deve agradar até aos fãs mais relutantes. Na história, Ariel (vivida pela incrível Halle Bailey, "Grown-ish") é uma sereia inconformada com as tradições do fundo do mar e que deseja, acima de tudo, conhecer o mundo além da superfície.
Em certo momento, ela decide contrariar a ideia de que há uma rixa entre os humanos e as pessoas do mar, fortemente alimentada por seu pai, o rei Tritão (Javier Bardem, "Apresentando os Ricardos"), e o seu caminho acaba se cruzando com o do príncipe Eric (Jonah Hauer-King, "A Caminho de Casa"), que tem sonhos similares aos de Ariel de conhecer o mundo.
Aproveitando-se dos sonhos da pequena sereia, a bruxa do mar Ursula (Melissa McCarthy, "Missão Madrinha de Casamento") oferece a ela a oportunidade de se tornar humana, mas com a condição de que ela consiga um beijo de amor verdadeiro do príncipe Eric em três dias. E aí que mora a grande virada da nova versão de "A Pequena Sereia", o que faz com que a história seja muito melhor trabalhada do que foi antes.
Diferentemente da animação, Ursula faz com que Ariel esqueça o que precisa fazer para continuar sendo humana. Essa pequena alteração faz uma grande diferença no live-action: com o perdão do trocadilho, isso abre um mar de possibilidades para a sereia, que tem a oportunidade de se apaixonar de verdade por Eric.
É uma correção muito simples, mas manda embora de vez aquela ideia de que Ariel havia deixado o mar por uma paixonite boba pelo príncipe. Não, ela quer conhecer o mundo, sempre quis e é isso que a motiva. Quando Ariel esquece o que precisa fazer para ficar na terra, mesmo que isso custe a sua vida, ela pode aproveitar os dias conhecendo o reino daquele que, eventualmente, virá a ser o seu amado.
Apesar de ter uma história muito mais interessante do que a animação, é difícil assistir a "A Pequena Sereia" por conta de seus efeitos especiais terríveis. A reprodução do fundo do mar é bonita, mas quando os atores são adicionados, tudo desanda. As cenas ficam esquisitas e é realmente difícil se concentrar na história durante toda a primeira hora do longa.
Fora da água, também há problemas. Nas cenas em que Eric está com a sua equipe no barco, pouco antes de ter o seu primeiro encontro com Ariel, fica evidente que tudo aquilo foi gravado em uma piscina, dentro de um estúdio.
Não houve nem mesmo a preocupação de filmar algumas tomadas que pudessem dar a sensação da amplitude do mar. É o mesmo problema visto no live-action de "A Bela e a Fera", por exemplo, em que as cenas se limitavam à praça do vilarejo de Bela e ao castelo da Fera, como se o mundo todo acontecesse apenas ali.
As coisas melhoram quando Ariel finalmente chega ao reino de Eric. Com Lin-Manuel Miranda ("Encanto", "Moana: Um Mar de Aventuras") na produção do longa, o lugar ganhou uma identidade caribenha muito mais interessante do que o reino clássico apresentado na animação.
Na meia hora seguinte, acompanhar a viagem de Ariel por esse mundo novo quase nos faz esquecer dos efeitos especiais nas cenas sofridas de poucos minutos atrás. Junto com isso, há também a emocionante descoberta de sua paixão por Eric ao mesmo tempo em que ele também descobre estar se apaixonando pela moça.
O grande acerto da produção é, sem dúvidas, a escalação de Halle Bailey como Ariel. Vítima de diversos ataques racistas após ser anunciada no papel, a cantora e atriz deve calar a boca dos haters com uma personificação carismática da pequena sereia, além de ser dona de uma voz poderosa, que eleva as canções já tão conhecidas pelos fãs.
Em sua cola, temos um elenco que não deixa a desejar, desde Daveed Diggs ("O Expresso do Oriente") e Awkwafina ("Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis") como os divertidos Sebastião e Sabidão, respectivamente, até a assustadora Úrsula, que navega entre o cômico e o aterrorizante nas mãos de Melissa McCarthy.
Não fosse por uma protagonista tão bem escolhida, alguns coadjuvantes brilhantes e uma história mais bem amarrada do que a de 30 anos atrás, talvez o live-action de "A Pequena Sereia" se juntasse a "O Rei Leão" como uma das piores adaptações da Disney até hoje. Felizmente, as escolhas acertadas se sobrepõem aos defeitos e garantem a ida ao cinema, seja pela nostalgia ou mesmo pela novidade.
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