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Trilha Sonora para um Golpe de Estado é ousada mistura entre jazz e geopolítica | #CineBuzzIndica

Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, filme já está em cartaz e explora as conexões entre jazz, colonialismo e os bastidores da Guerra Fria

ANGELO CORDEIRO | @OANGELOCINEFILO
por ANGELO CORDEIRO | @OANGELOCINEFILO

Publicado em 31/01/2025, às 12h45

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Trilha Sonora para um Golpe de Estado é ousada mistura entre jazz e geopolítica - Divulgação/Pandora Filmes
Trilha Sonora para um Golpe de Estado é ousada mistura entre jazz e geopolítica - Divulgação/Pandora Filmes

Trilha Sonora para um Golpe de Estadoé uma ousada e ambiciosa aula de história para aqueles dispostos a encarar suas 2 horas e meia em meio a uma edição frenética que mistura jazz e geopolítica. O documentário indicado ao Oscar da categoria em 2025 se propõe a revelar a complexa interação entre a política global, o imperialismo e as lutas de resistência no contexto do golpe de Estado no Congo.

A direção de Johan Grimonprez combina imagens de arquivo, gráficos animados, legendas e uma trilha sonora pulsante de jazz para criar uma experiência cinematográfica única. Contudo, o que se apresenta como uma obra ambiciosa e intensa acaba, por vezes, se perdendo em sua própria complexidade. O filme, com sua montagem frenética e ritmo vertiginoso, tem momentos eletrizantes, mas também corre o risco de ser exaustivo e desorientador para alguns.

Mergulhando em um capítulo sombrio do século XX, o longa parte do protesto dos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que invadiram o Conselho de Segurança da ONU em 1961 para denunciar o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. Ao conectar a trajetória de Patrice Lumumba com a expansão cultural promovida pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria, o filme mostra como a música se tornou uma ferramenta estratégica no jogo político global.

O uso de jazz como uma espécie de "soft power" é uma das características mais notáveis do filme. Ao contrário do que se espera de uma obra que faz referência ao jazz como trilha sonora, o gênero musical não ocupa o lugar de protagonista, servindo como uma camada sutil que complementa a narrativa. Essa escolha estilística traz uma profundidade única, onde a música se mistura com os eventos históricos, deixando tudo ainda mais intenso em meio ao caos do jazz. 

A montagem, que se apoia em um ritmo frenético e uma colagem de imagens de arquivo, é, ao mesmo tempo, a grande virtude e o maior desafio do documentário. O estilo de edição de Rik Chaubet é inegavelmente ousado, criando um senso de urgência que condiz com os tumultuados eventos históricos retratados. No entanto, esse mesmo ritmo acelerado, combinado com a quantidade de textos explicativos, acaba criando uma sensação de sobrecarga informativa. Para muitos, isso pode ser um obstáculo, tornando o filme mais uma aula de história visual do que uma experiência cinematográfica coesa.

Outro ponto que merece destaque é a abordagem geopolítica do filme, que critica de forma incisiva as potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos, por suas intervenções no Congo e em outros países do terceiro mundo. A obra se desvia da narrativa convencional, onde o foco estaria nas consequências do golpe dentro do próprio Congo, e concentra-se na reação da comunidade negra americana, o que, embora relevante, acaba ofuscando as vozes e a experiência africanas. A África, e especialmente o Congo, que deveriam ser os centros da história, são retratados de maneira quase secundária, diminuindo a força da narrativa. No entanto, a crítica que Trilha Sonora para um Golpe de Estado faz ao imperialismo e às dinâmicas de poder global é válida. 

Em suma, Trilha Sonora para um Golpe de Estado marca pela sua abordagem inovadora e pelo modo como mistura história e arte de forma não convencional. No entanto, a excessiva complexidade narrativa pode afastar aqueles que buscam uma compreensão mais profunda e acessível dos eventos históricos - sem querer falar, mas falando: não é para todo mundo. Ao tentar ser uma experiência cinematográfica eletrizante e desafiadora, o documentário acaba sendo, ao mesmo tempo, uma obra brilhante e caótica, deixando o espectador com uma sensação ambígua, entre a admiração pela ousadia e a frustração pela complexidade e duração exagerada

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