“Você tem algum amigo que conta histórias de maneira confiável?”, provocou Baz Lurhmann em Cannes
Desde o anúncio de "Elvis", cinebiografia do Rei do Rock, definitivamente uma responsabilidade muito grande caiu sobre os ombros de Baz Luhrmann ("Moulin Rouge"), diretor da produção. Em uma entrevista durante o Festival de Cannes, o cineasta comentou sobre trazer algo mais autoral em um momento onde os super heróis dominam as salas de cinema, e a decisão de escolher o Coronel Tom Parker (Tom Hanks) para narrar a história.
“Como eu sou masoquista, eu escolho marcas mortas, como O Grande Gatsby, William Shakespeare”, brincou Luhrmann. “Mas eu consegui trazer bons públicos e ressuscitar essas marcas", completou. (via Omelete)
Falando mais sobre a produção, Bazz chegou a comentar que quase intitulou "Elvis" de "O Rei e o Coronel", mas, com desgosto declarado de Presley desde sempre pelo apelido, a ideia não vingou. E quanto o coronel neste título? Bom, a possibilidade surgiu após o cineasta o escolher como narrador do filme. E ele explicou o porquê do personagem controverso.
“Você tem algum amigo que conta histórias de maneira confiável?”, provocou Luhrmann. “Documentários são aparentemente a verdade e em geral trazem aquela narração típica. Mas daí a gente vê na internet como é fácil manipular as pessoas a acreditarem que algo é a verdade, quando não é. Eu acho que os dramas são mentiras contadas por alguém para chegar a uma verdade maior", explicou.
Bazz encerrou a entrevista comparando a narrativa de "Elvis" com a de "Amadeus", filme de Milos Forman de 1984 que ganhou oito Oscars, por também ser uma cinebiografia, mas sobre o compositor e músico Wolfgang Amadeus Mozart. “O filme é sobre inveja”, pontuou Luhrmann. Ele tem suas suspeitas de que Parker sentia-se de forma parecida. “Os dois tiveram infâncias muito complicadas, ambos tinham um buraco no peito e eram sonhadores. “Parker queria ser grande. E Elvis, também", finalizou.
Tom Parker era o produtor de parques de diversão e circos que virou empresário de Elvis Presley logo no início de sua carreira. Entretanto, o título não expressa sua verdadeira origem, já que Parker não era coronel, nem se chamava Tom Parker e tinha um passado misterioso na Holanda.
Seu nome verdadeiro é Andreas Cornelis van Kuijk. Ele nasceu na Holanda em 1909 e, aos 20 anos, imigrou ilegalmente para os Estados Unidos. A sua partida aconteceu no mesmo dia em que a sua suposta amante, Anna, foi espancada e morreu em decorrência dos ferimentos. Quando chegou ao país, assumiu a identidade Tom Parker e se alistou ao exército, onde serviu por dois anos, até 1933. Na época, ele foi afastado por indisciplina e teve uma crise nervosa, diagnosticado com "depressão aguda psicogênica, estado de psicopatia constitucional e psicose". Tom também foi descrito pelos especialista como um "homicida em potencial".
Tal descrição é vista em certo momento da cinebiografia de Luhrmann. Ainda na conversa, ele cita a parte do filme em que o homem vivido por Tom Hanks está deitado em uma cama de hospital sob efeito de morfina. Neste momento, ele se defende das acusações de ser uma má pessoa, que explorou Elvis Presley, impediu sua carreira internacional e acabou pressionando tanto o cantor, que ele se viciou em remédios e acabou morrendo prematuramente, aos 42 anos de idade. “Ele está dizendo que não é o vilão. Que só fez seu trabalho, que era fazer com que a carreira de Elvis fosse a mais lucrativa possível”, disse.
“Parker diz que fez seu trabalho tão bem que nós amamos Elvis, e ele nos ama. Que o cantor só se sentia bem quando estava sendo amado pelos seus fãs e amando-os de volta", incita Bazz sugerindo que a culpa é voltada para os fãs do cantor. E que graças a sua morte, seus discos bateram recordes de vendas, tornando-o memorável até os dias atuais.
"Elvis" explora a vida e a música de Elvis Presley (Austin Butler), visto através do prisma de seu complicado relacionamento com seu enigmático empresário, o coronel Tom Parker (Tom Hanks). A trama mergulha na dinâmica complexa entre a dupla ao longo de 20 anos, desde a ascensão do Rei do Rock à fama até seu estrelato sem precedentes, tendo como pano de fundo a paisagem cultural em evolução e a perda da inocência na América. No centro dessa jornada está uma das pessoas mais importantes e influentes na vida de Elvis, Priscilla Presley, vivida por Olivia DeJonge ("The Society").
A produção de Luhrmann abriu o Rotten Tomatoes com 88% de aprovação da crítica especializada, e foi definida pelo consenso geral como "a fórmula biopic rock padrão fica toda abalada em 'Elvis', com a energia e o estilo deslumbrantes de Baz Luhrmann perfeitamente complementados pelo excelente desempenho principal de Austin Butler".
David Wenham ("Top of the Lake"), Richard Roxburgh ("Moulin Rouge - Amor em Vermelho"), Dacre Montgomery ("Stranger Things"), Kelvin Harrison Jr. ("Ao Cair da Noite"), Luke Bracey ("Até o Último Homem") e Kodi Smit-McPhee ("Ataque dos Cães") completam o elenco.
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