A redação do CineBuzz, em parceria com a de Rolling Stone Brasil, votou e elegeu os grandes destaques cinematográficos de 2024; confira
Publicado em 24/12/2024, às 09h00
2024 foi repleto de grandes lançamentos nos cinemas, o que tornou a tarefa de selecionar as dez melhores produções do ano um tanto complicada — mas nós conseguimos. A redação do CineBuzz, em parceria com a de Rolling Stone Brasil, votou e, a seguir, você confere o compilado, que vai desde o unânime Ainda Estou Aqui, grande aposta dos brasileiros para a nossa primeira vitória no Oscar em 2025, até grandes sucessos de bilheteria, como Duna: Parte 2 e Wicked:
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2023, Anatomia de uma Queda chegou aos cinemas brasileiros no início deste ano. O longa, que também conquistou o Oscar de Melhor Roteiro Original, constrói sua força ao transformar os espectadores em jurados, mergulhados em um dilema moral e investigativo: a morte de seu marido foi homicídio ou suicídio?
A partir da história de Sandra (Sandra Hüller, Zona de Interesse), que se torna a principal suspeita após o marido aparecer misteriosamente morto em sua casa, o filme explora a subjetividade e os preconceitos que permeiam julgamentos humanos. Essa abordagem torna a experiência inquietante e instigante, provocando quem assiste.
A atuação de Sandra Hüller é o eixo central dessa dinâmica, alternando entre vulnerabilidade e indiferença, desafiando constantemente o público a reavaliar sua posição. A diretora Justine Triet reforça essa ambiguidade ao adotar uma direção que não favorece nenhuma conclusão, mas amplifica as nuances do caso e o envolvimento emocional do espectador.
Essa neutralidade inquietante, somada a discussões sobre gênero e poder, transforma Anatomia de uma Queda em uma obra que nos convida a refletir sobre a nossa própria relação com a verdade e os julgamentos que fazemos, tanto no cinema quanto na vida.
Três anos após o lançamento do primeiro filme, Duna: Parte 2 chegou aos cinemas sob a lupa dos fãs da obra de Frank Herbert e do trabalho de adaptação de Denis Villeneuve (A Chegada). Felizmente, não decepcionou, tanto em técnica quanto em bilheteria — o longa encerra o ano na quinta posição dos filmes mais assistidos no mundo e tem grandes chances de ser reconhecido na próxima temporada de premiações.
Se alguns se frustraram com o curto tempo de tela de Zendaya (Euphoria) no primeiro filme, não há o que reclamar de sua participação nesta sequência que, além dela, apresenta novos nomes no elenco, como Florence Pugh (Todo Tempo que Temos), Austin Butler (Elvis) e Christopher Walken (Click), e aprofunda a complexa rede de alianças e traições da complexa trama.
Villeneuve equilibra a grandiosidade épica com momentos intimistas, sempre capitaneados por Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome), muito à vontade como Paul Atreides, oferecendo uma experiência tão emocionante e fiel à obra original quanto reflexiva em seus temas universais e atemporais, como resistência cultural, livre-arbítrio e os dilemas do poder e do destino.
Longa de estreia da diretora coreana Celine Song, que já era conhecida por seu trabalho como roteirista na série A Roda do Tempo, Vidas Passadas é um convite para repensar todos os caminhos que nos aproximam e afastam das pessoas que já amamos, e refletir sobre o que poderíamos ter sido.
O longa é movido por um conceito coreano conhecido como in-yeon — uma palavra que pode significar "providência" ou "destino" — e conta a história de Nora (Greta Lee, The Morning Show) e Hae Sung (Teo Yoo, O Recruta), dois melhores amigos de infância, que seguem rumos diferentes após a garota se mudar da Coreia do Sul para os Estados Unidos com os pais.
Duas décadas depois, as redes sociais permitem que eles se reencontrem e percebam que, apesar da distância, ainda têm muito em comum — embora eles ainda precisem confrontar o que mudou a partir das escolhas que fizeram, e o que os separou e os uniu ao longo dos anos.
Vidas Passadas conquistou ao falar, muitas vezes sem palavras, sobre amor e destino enquanto retrata os encontros e desencontros entre duas pessoas, que podem ser consideradas almas gêmeas, mas escolheram vidas diferentes.
Conhecido pela série Looking, da HBO, e o filme Weekend, lançado em 2011, Andrew Haighse destaca por sua habilidade em representar fidedignamente a experiência LGBTQIAPN+ em suas obras, o que fica ainda mais evidente em seu trabalho mais recente, Todos Nós Desconhecidos, uma história tão bela quanto trágica.
Baseado no romance japonês Strangers, de Taichi Yamada, Haigh desenvolve a história de Adam (Andrew Scott, Ripley), um solitário homem gay, que ganha a oportunidade de esclarecer pendências do passado ao voltar à sua antiga casa e dar de cara com os seus pais, mortos quando ele tinha apenas 12 anos; ao mesmo tempo em permite se envolver com o seu vizinho, Harry (Paul Mescal, Aftersun), um rapaz com cicatrizes tão profundas quanto as de seu parceiro.
A partir de uma história de fantasmas, retratada na obra original, Haigh constrói uma importante reflexão sobre o poder do amor — que salva vidas, quando se manifesta, ou as destrói, quando é negligenciado —, representado nas figuras de Adam e Harry. O resultado é um filme melancólico, de arrancar lágrimas, mas que, ainda assim, reconforta e traz esperança.
Luca Guadagnino é pop. Desde o lançamento de Me Chame pelo Seu Nome, em 2017, os filmes do diretor — que ajudou a popularizar Timothée Chalamet no mundo do cinema — tornaram-se tão aguardados quanto novos álbuns de artistas como Taylor Swift ou Ariana Grande.
Em 2024, Guadagnino nos presenteou com Rivais, um drama frenético sobre o relacionamento entre dois grandes amigos, vividos por Mike Faist(Amor, Sublime Amor) e Josh O'Connor (O Reino de Deus), e uma mulher, interpretada por Zendaya, alvo do desejo de ambos. Ambientado no universo do tênis, o longa conquistou o público ao jogar com a sensualidade e a tensão em uma história de tirar o fôlego — seja pela excitação ou pelo choque.
Não foram poucos os filmes que discutiram o feminismo em 2024 — Pobres Criaturas, que aparece nesta lista, e o ainda inédito Canina são apenas alguns deles —, mas A Substância pegou todos de surpresa ao abordar a questão usando o body horror, um subgênero do terror tão provocante quanto repulsivo.
O longa conta a história de Elisabeth (Demi Moore, Até o Limite da Honra) que, "velha demais" para continuar à frente de um programa de TV de ginástica, decide se arriscar em um projeto experimental para criar uma versão mais nova de si mesma. Porém, enquanto Sue (Margaret Qualley, Tipos de Gentileza) parecia perfeita à princípio, a situação começa a fugir de controle quando a busca pela beleza e todos os seus benefícios ameaçam a existência da ex-estrela de TV.
Escrito e dirigido por Coralie Fargeat, que já havia chamado atenção pelo igualmente feminista e apelativo Vingança, A Substância se destacou ao assaltar o público com discussões sobre etarismo e desigualdade de gênero em meio a um espetáculo visualmente grotesco, mas impressionante.
Um dos filmes mais sensíveis lançados em 2024, O Quarto ao Lado, primeiro longa em inglês de Pedro Almodóvar(Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos), foi ovacianado por quase vinte minutos após a sua exibição no Festival de Veneza, de onde saiu com a principal honraria do evento, o Leão de Ouro.
Não é pra menos: a produção aborda a belíssima história de uma mulher, vivida por Tilda Swinton(A Voz Humana), tentando retomar o controle de sua vida após ser diagnosticada com um câncer terminal. Recusando-se a ceder à doença, ela convida uma amiga, personagem de Julianne Moore(Para Sempre Alice), a ajudá-la a tirar a própria vida, quando assim decidir.
Um dos destaques da produção é o cuidado de Almodóvar com as palavras. Seja por trazer uma jornalista e uma escritora como protagonistas, ou por não ser em sua primeira língua, o cineasta trata cada linha do roteiro com esmero, trazendo o refinamento que faz de O Quarto ao Lado uma grande obra de arte. Leia a crítica de O Quarto ao Lado clicando aqui.
Pobres Criaturas é uma obra rara e tão arrebatadora que tentar colocá-la em palavras é uma tarefa absurdamente difícil. E seja por seu enredo subversivo ou a combinação do diretor Yorgos Lanthimos com a atriz Emma Stone — repetindo a parceria de A Favorita, de 2018, que voltaria a acontecer em Tipos de Gentileza, lançado neste ano —, o longa caiu no mainstream, lotou salas de cinema e fez sucesso na última edição do Oscar.
Baseado no livro homônimo de Alasdair Gray, Pobres Criaturas traz uma das histórias mais fora da realidade já realizada por Lanthimos e, mesmo assim, mais próxima da experiência humana e, especialmente, da vivência da mulher, na forma de Bella Baxter (Stone), uma criação à la o monstro de Frankenstein, que quer trilhar o seu próprio caminho em uma sociedade que insiste em amarrá-la. Leia a crítica de Pobres Criaturas clicando aqui.
Como se estivesse no caldeirão de uma bruxa, Wicked cozinhou lentamente por muitos anos. Desde a estreia do musical na Broadway, em 2003, as tentativas de adaptar a produção para os cinemas foram muitas, com diferentes mestres e estrelas envolvidos no projeto, mas foi sob a batuta de Jon M. Chu (Em um Bairro de Nova York) e com o talento absurdo de Cynthia Erivo(Harriet) e Ariana Grande(Não Olhe Para Cima) que a obra, finalmente, ganhou as telonas.
Apesar de ter estreado tarde no ano, o musicalveio com uma força de fenômeno, ensaiando um movimento semelhante ao de Barbie em 2023 e, mesmo que o impacto não tenha sido o mesmo, foi o suficiente para sair da bolha dos fãs do gênero e lotar as salas de cinema de curiosos, ansiosos para entender qual era a dessa reimaginação do clássico O Mágico de Oz e por que ela é tão adorada.
O difícil é precisar o que faz de Wicked uma obra tão cativante: seriam as atuações impressionantes? A história divertida, mas também emocionante? Os visuais fantásticos, vibrantes e coloridos? Ou os grandiosos números musicais? Bom, por aqui, nós só podemos dizer que não é à toa que o musical conquistou a segunda posição da nossa lista. Leia a crítica de Wicked clicando aqui.
Unanimidade entre os votantes, Ainda Estou Aqui vem recuperando o orgulho de ser brasileiro, que fora perdido ou deturpado nos últimos anos. Com uma história tocante e necessária, a produção dirigida por Walter Salles (Central do Brasil) e estrelada por Fernanda Torres (Fim) levou o Brasil para o mundo e mostrou a força da produção nacional: levou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, conquistou indicações às principais premiações hollywoodianas, como o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards, e ainda quebrou um jejum de 16 anos ao entrar para a shortlist da próxima edição do Oscar, nos deixando pertinho da nossa primeira estatueta. Em 2025, até podemos sair da maior premiação do cinema de mãos vazias, mas o coração, desde já, está cheio de orgulho. Leia a crítica de Ainda Estou Aqui clicando aqui.
LEIA A MATÉRIA ORIGINAL EM:Os 10 melhores filmes de 2024, segundo a redação da Rolling Stone Brasil
Para qual lançamento de 2025 você está mais ansioso? Vote em seu filme favorito!
- Baby (9 de janeiro)
- Babygirl (9 de janeiro)
- A Semente do Fruto Sagrado (9 de janeiro)
- Aqui (16 de janeiro)
- Maria Callas (16 de janeiro)
- Anora (23 de janeiro)
- Conclave (23 de janeiro)
- Setembro 5 (30 de janeiro)
- Emilia Pérez (6 de fevereiro)
- Better Man: A História de Robbie Williams (6 de fevereiro)
- Capitão América: Admirável Mundo Novo (13 de fevereiro)
- Branca de Neve (20 de março)
- Um Filme Minecraft (4 de abril)
- Mickey 17 (18 de abril)
- Thunderbolts* (1º de maio)
- Jurassic World: Renascimento (3 de julho)
- Superman (10 de julho)
- O Quarteto Fantástico (24 de julho)
- Tron: Ares (9 de outubro)
- Wicked Para Sempre (20 de novembro)