Drama queer protagonizado por Marco Pigossi (Cidade Invisível), que também atua como produtor executivo, chega aos cinemas a partir desta quinta (20)
Publicado em 21/03/2025, às 08h00
Cheio de boas intenções, Maré Alta, novo longa estrelado por Marco Pigossi(Cidade Invisível), que chega aos cinemas a partir desta quinta-feira, dia 20 de março, não consegue, infelizmente, aplicar as suas propostas em um exercício cinematográfico relevante abastecido por importantes questões sociais em um cenário contemporâneo cada vez mais exigente como o atual.
A novidade acompanha a história de Lourenço (Marco Pigossi), que deixa o Brasil para viver com o namorado nos Estados Unidos. No entanto, a relação não dá certo e o rapaz se vê longe de casa, com o seu visto prestes a expirar e sem saber o que fazer.
Em meio ao turbilhão, Lourenço conhece o enfermeiro Maurice (James Bland, Giants), um rapaz cativante, que o leva a confrontar os seus medos e a reconstruir a sua história enquanto lida com as suas frustrações.
Por vezes, Maré Alta parece ser um filme sobre uma autodescoberta tardia de si mesmo. Assim como seu personagem, Pigossi também saiu do Brasil para morar nos Estados Unidos. Ele se mudou para Los Angeles, em 2018, onde eventualmente conheceu o italiano Marco Calvani, diretor produtor e roteirista do longa.
Na época, Calvani já havia começado a trabalhar no roteiro do romance e acabou encontrando novos rumos para a história após o encontro com o brasileiro. Juntos, eles construíram a versão final da narrativa e começaram a etapa de produção do longa-metragem.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, parceira de CineBuzz, Pigossi revelou que, na época em que conheceu Calvani, estava em processo de revelar publicamente a sua sexualidade e queria interpretar um personagem que falasse sobre isso, além da experiência de ser um imigrante. Isso fica evidente no longa, que trata temas profundos, como autodescoberta, pertencimento e identidade, com carinho e delicadeza. Ficção e realidade se misturam.
Porém, embora tente lidar com questões urgentes, como a imigração, a sexualidade e o racismo estrutural, o roteiro de Calvani acaba sendo superficial — é o tipo de produção que tenta falar de muita coisa ao mesmo tempo e não consegue se aprofundar em nenhuma delas.
A história parece querer tocar o coração do espectador, mas se perde em clichês e diálogos excessivamente sentimentais. Além disso, a descoberta sexual de Lourenço é tratada de forma bastante ingênua, fazendo com que ele pareça mais um adolescente explorando o amor e a intimidade pela primeira vez, o que não é compatível com a sua trajetória e nem com a complexidade das relação na comunidade LGBTQIAPN+ em pleno 2025.
Ao abordar racismo, Maré Alta também se apoia em clichês e recorre a representações simplistas, que tornam a crítica social rasa. As tentativas de debater o preconceito parecem mais um exercício acadêmico do que uma observação realista e sensível dessas questões complexas, resultando em uma crítica social que parece apressada e desconectada da realidade das experiências de marginalização.
Em suma, Maré Alta tem boas intenções, mas peca em sua execução. A história de Lourenço e Maurice poderia ter sido uma poderosa reflexão sobre amor, identidade e pertencimento, mas fica aquém de seu potencial nessa tentativa de ser excessivamente sentimental, sem proporcionar a profundidade necessária para envolver o espectador.
O filme desperdiça temas significativos sem lhes dar a complexidade que eles merecem, deixando o público com a sensação de estar acompanhando uma narrativa incompleta e superficial. Em vez de entregar uma experiência cinematográfica profunda esclarecedora, Maré Alta acaba sendo mais um retrato raso de questões que pediam uma maior reflexão e aprofundamento.
LEIA A CRÍTICA ORIGINAL EM:Cheio de boas intenções, Maré Alta é drama sincero, embora superficial
Para qual lançamento de 2025 você está mais ansioso? Vote em seu filme favorito!
- Baby (9 de janeiro)
- Aqui (16 de janeiro)
- Anora (23 de janeiro)
- 5 de setembro (30 de janeiro)
- Emilia Pérez (6 de fevereiro)
- Better Man: A História de Robbie Williams (6 de fevereiro)
- Capitão América: Admirável Mundo Novo (13 de fevereiro)
- Branca de Neve (20 de março)
- Um Filme Minecraft (4 de abril)
- Thunderbolts* (1º de maio)
- O Quarteto Fantástico (24 de julho)