Novidade de Brady Corbet, que narra a história do arquiteto visionário László Toth (Adrien Brody), chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20)
Publicado em 20/02/2025, às 09h00
A arquitetura brutalista é conhecida por evocar uma sensação de rigidez, com suas formas pesadas e grandiosas que, à primeira vista, podem parecer desprovidas de humanidade. Esse estilo arquitetônico se tornou uma poderosa metáfora em O Brutalista, de Brady Corbet (Vox Lux - O Preço da Fama), que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (20).
Na novidade, a obra de László Tóth (Adrien Brody, O Pianista), um arquiteto imigrante húngaro, reflete não apenas a sua obsessão por deixar um legado, mas também o peso emocional e existencial que ele carrega desde a sua chegada aos Estados Unidos, após sobreviver ao Holocausto.
Desde o início, o filme nos coloca em um universo de dissonância e desconforto, sugerindo que o "sonho americano" que Tóth busca será tão impenetrável e opressor quanto os próprios edifícios que ele cria. A escolha de Corbet em moldar a narrativa a partir dessa arquitetura sólida e intransigente se torna um reflexo físico das barreiras internas e externas que o protagonista enfrenta.
Com quase quatro horas de duração, o épico nos oferece um tempo de reflexão e imersão raros no cinema contemporâneo. O ritmo lento e meticulosamente construído espelha a natureza monumental e quase torturante da jornada de Tóth.
A sua busca incessante por um legado arquitetônico grandioso aumenta a tensão emocional e dramática do filme. Assim como a arquitetura brutalista, que busca ser eterna, o longa não apressa seu desenrolar, permitindo que a complexidade da história se revele de forma gradual e dolorosa. A história de Tóth é marcada pela impotência e pela violência silenciosa de um sistema que não permite a seus idealistas encontrar um verdadeiro espaço de pertencimento.
A interpretação de Adrien Brody como László Tóth é essencial para essa angústia de O Brutalista. O vencedor do Oscar de Melhor Ator por O Pianista novamente entrega uma performance que vai além do estereótipo do "gênio atormentado", oferecendo uma leitura visceral e complexa de um homem marcado por um passado doloroso, mas obcecado em construir algo que o defina.
Tóth reflete a desconexão e a luta de muitos que tentam se encaixar em uma sociedade que se diz inclusiva, mas que na prática rejeita e esmigalha suas ambições. Brody consegue transmitir a dor de um homem que tenta preencher o vazio de seu passado através de sua arte, enquanto é esmagado pela dureza da realidade que o cerca.
Guy Pearce (Amnésia), por sua vez, se destaca como um coadjuvante que tem bastante tempo de tela, oferecendo uma interpretação cheia de nuances como Harrison Van Buren, um personagem que passa de um aparente aliado a uma figura cheia de ambiguidade moral.
O filme de Corbet se torna ainda mais intrigante ao adentrar a crítica política, expondo a brutalidade da sociedade capitalista americana, que parece disposta a absorver e destruir tudo em seu caminho, até mesmo as mais nobres das intenções. A busca de Tóth pelo sonho americano rapidamente se transforma em um pesadelo, pois ele descobre que, no fundo, essa terra prometida é tão rígida e insensível quanto o concreto que ele tanto exalta.
O Brutalista não apenas questiona as promessas do capitalismo, mas também explora a alienação que se segue à tentativa de alguém tentar se inserir em um sistema que o vê apenas como um produto descartável. O sonho americano de Tóth é, portanto, o reflexo de uma verdade mais amarga: a sociedade é cruel com aqueles que tentam ultrapassar suas fronteiras, sejam elas físicas ou sociais.
O longa também se beneficia de uma estrutura única, incluindo um intervalo de 15 minutos, que oferece ao público a chance de processar o que foi visto até então. Essa pausa, longe de ser um recurso convencional, se torna um momento de reflexão, que separa a jornada de Tóth em duas metades distintas: a sua busca silenciosa por aceitação e a explosão de conflitos internos e externos, em que a violência e a raiva finalmente se manifestam.
O Brutalista, assim, vai de uma meditação introspectiva sobre identidade para uma história de desconstrução do sonho americano, que coloca a ambição do protagonista em choque com os limites de seu próprio ser em uma sociedade que engole suas ambições e promete mais do que pode entregar.
LEIA A CRÍTICA ORIGINAL EM:O Brutalista desconstrói o sonho americano em épico de quase 4 horas
Para qual lançamento de 2025 você está mais ansioso? Vote em seu filme favorito!
- Baby (9 de janeiro)
- Babygirl (9 de janeiro)
- A Semente do Fruto Sagrado (9 de janeiro)
- Aqui (16 de janeiro)
- Maria Callas (16 de janeiro)
- Anora (23 de janeiro)
- Conclave (23 de janeiro)
- Setembro 5 (30 de janeiro)
- Emilia Pérez (6 de fevereiro)
- Better Man: A História de Robbie Williams (6 de fevereiro)
- Capitão América: Admirável Mundo Novo (13 de fevereiro)
- Branca de Neve (20 de março)
- Um Filme Minecraft (4 de abril)
- Mickey 17 (18 de abril)
- Thunderbolts* (1º de maio)
- Jurassic World: Renascimento (3 de julho)
- Superman (10 de julho)
- O Quarteto Fantástico (24 de julho)
- Tron: Ares (9 de outubro)
- Wicked Para Sempre (20 de novembro)