Com a direção de Michael Gracey (O Rei do Show), cinebiografia do astro britânico chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (13)
Publicado em 13/03/2025, às 15h30
É possível que, ao assistir a Better Man: A História de Robbie Williams, o espectador talvez nem saiba quem é Robbie Williams. Porém, certamente, a novidade deve despertar o interesse em conhecer — e ouvir — mais do astro britânico.
A cinebiografia, que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (13), se destaca pela ousadia e a forma como brinca com as convenções de gênero, fazendo uso de uma escolha criativa inusitada: Robbie Williams é retratado como um macaco, criado por efeitos visuais, e é essa escolha que define o tom irreverente e único do longa.
O diretor Michael Gracey, conhecido por O Rei do Show (2017), abraça o espetáculo, o exagero e a musicalidade com vigor, criando sequências musicais que são ao mesmo tempo grandiosas — "Rock DJ" é empolgante — e emocionalmente carregadas – "Angels" pode tirar lágrimas dos mais emotivos. A energia das performances é capaz de criar um ambiente no qual a música de Robbie Williams parece ganhar vida, como se estivéssemos assistindo a um show do cantor — e, no final, ganhamos essa recompensa, com "Let Me Entertain You".
A decisão de transformar o próprio Williams em um macaco pode parecer uma ideia excêntrica. Porém, ao longo do filme, ela se revela uma metáfora poderosa para o desajuste que o cantor sempre sentiu em relação à fama e à sua própria identidade. O macaco é, na verdade, uma expressão visual de sua alienação, um reflexo da maneira como o artista foi tratado pela indústria, uma persona construída para entreter — como muitos integrantes das boy bands do final do século passado —, mas que, ao mesmo tempo, é profundamente vulnerável.
O que mais impressiona em Better Man é que, mesmo seguindo uma cartilha de cinebiografias, ele é certeiro ao despir Robbie Williams com honestidade e coragem, expondo as fragilidades de um cara que viveu a vida do seu jeito. A narrativa tem a conhecida estrutura de ascensão e queda, explorando a luta interna de Williams entre sua persona pública e suas inseguranças pessoais. No entanto, a singularidade do filme reside exatamente no modo como ele desconstrói essa jornada por meio da escolha do personagem macaco. Ao focar não apenas nos hits de sua carreira, mas também nas fragilidades e contradições do cantor, Better Man consegue explorar um lado mais humano e vulnerável do astro, além do simples brilho do showbiz.
A história se debruça, sem rodeios, sobre as questões mais sombrias da vida do cantor, como a depressão, o vício, o sexo e a autodestruição, temas que são abordados com um olhar honesto e muitas vezes doloroso. A combinação desses elementos cria um contraste interessante entre a vida pública e a privada do artista. A capacidade de Gracey em combinar esse lado mais pungente com humor, emoção e a energia das canções mantém o espectador envolvido em uma cinebiografia empolgante e emocionante que caminha entre o blockbuster e a sessão mais honesta de terapia. É como se Robbie Williams estivesse deitado em um divã expondo todas suas chagas — enquanto suas baladas pops tocam ao fundo.
Better Man é um filme que desafia as expectativas das cinebiografias, utilizando o formato musical para contar a história de um homem em busca de si mesmo, e fazendo isso de maneira muito eficiente na forma e bastante eficaz em sua proposta. Está tudo ali: os coadjuvantes suportivos ao protagonista, o drama na dose certeira na hora da redenção, e a estrutura que ascende até o final satisfatório e recompensador. Em suma, mesmo que o filme não seja completamente livre dos clichês das cinebiografias mais convencionais, ele se destaca pela sua originalidade e pela coragem de encarar as complexidades da vida de Robbie Williams com honestidade e coragem raramente vistas em filmes do tipo.
LEIA A CRÍTICA ORIGINAL EM:Better Man conta a história de Robbie Williams com coragem rara; RS já viu
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