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#CineBuzzJáViu / CRÍTICA

“Não! Não Olhe!” mistura ficção científica e terror pelo olhar inovador de Jordan Peele | #CineBuzzIndica

Terceiro longa do diretor de "Corra!" e "Nós" chega aos cinemas nesta quinta-feira (25)

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 25/08/2022, às 10h58

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“Não! Não Olhe!” mistura ficção científica e terror pelo olhar inovador de Jordan Peele - Divulgação/Universal Pictures
“Não! Não Olhe!” mistura ficção científica e terror pelo olhar inovador de Jordan Peele - Divulgação/Universal Pictures

Cineastas como Jordan Peele são a esperança em uma época na qual o cinema mainstream reserva cada vez menos surpresas ao espectador. Ir ao cinema assistir a um filme do diretor é sentar na poltrona sem saber o que será exibido naquela telona. Tudo bem que o trailer do filme entrega uma coisa ou outra - e se você o viu, fique tranquilo, nada se compara à experiência de testemunhar o mistério que o diretor de “Corra!” insere em “Não! Não Olhe!”.

Aliás, considero “Não! Não Olhe!” uma tradução bastante acertada, o “Nope” do título original também é bom, especialmente quando dito por certo personagem, nos tirando boas risadas. O segredo do título nacional está em instigar o público médio que chegar à bilheteria do cinema sem saber o que assistir - “Peraí, não olhe? Agora eu quero ver mesmo” - mas talvez o filme não seja tão bem recebido por esse público quanto os filmes anteriores de Peele, e explico o porquê.

É que Jordan Peele é um visionário - calma, não estou querendo jogar má sorte na carreira do diretor que está apenas em seu terceiro longa - e é impossível negar que ele tem feito, filme após filme, algo que só o blaxploitation conseguiu: dar protagonismo a atores negros. E é exatamente por “Não! Não Olhe!” possuir esse subtexto racial, mas de uma forma mais contida, que a audiência menos atenta possa classificar o filme como um trabalho menor na carreira do diretor - apesar de este ser o maior orçamento com o qual ele trabalhou até aqui.

Mas se por um lado o subtexto de “Não! Não Olhe! é mais tímido do que em “Corra!” e “Nós”, por outro lado, Peele não deixa de criticar a espetacularização do show business - vide a trama do chimpanzé Gordy, a do personagem de Steven Yeun, a do motoqueiro que chega para registrar os fenômenos do rancho, além de outros momentos - e investe em uma história que tem tudo o que se espera de uma ficção científica e, considerando sua paixão pelo terror, tão intrínseca ao seu estilo, consegue criar momentos angustiantes e verdadeiramente tensos.

Eu vou manter comigo o segredo do filme, pois é delicioso acompanhar os irmãos Em (Keke Palmer de “True Jackson”) e OJ (Daniel Kaluuya de “Judas e o Messias Negro”) nesse mistério digno de um capítulo de “Além da Imaginação” - série que o próprio Peele já rebootou. A imprevisibilidade da trama, aliada à condução do cineasta, fazem de “Não! Não Olhe!” um experimento aflitivo e delicioso de ser visto - e ouvido, já que o trabalho de som é fantástico. Peele brinca com os irmãos Em e OJ como se eles fossem ratinhos de laboratório - ou vermes na terra - se provando um entusiasta da observação. Dessa forma, também nos tornamos observadores daqueles eventos e somos convidados a olhar com prazer.

E é curioso que alguns espectadores e críticos vêm comparando “Não! Não Olhe!” a “Tubarão”, de Steven Spielberg. Entendo a ideia do predador que caça e é caçado e da cidade que se agita, mas, diferentemente do primeiro blockbuster da história, Peele mantém seu foco em atormentar uma pequena parcela de personagens que vivem nas proximidades do rancho, por isso, considero seu longa mais comparável à estreia de Spielberg na direção: “Encurralado”, um filme que sugere mais o terror e tensiona a plateia, tal qual Peele em seu terceiro filme.

Neste jogo de tensão, podemos comparar o ser territorialista de “Não! Não Olhe!” ao caminhão que persegue o pobre motorista de carro em “Encurralado”. Ao compasso de que o caminhão é o dono daquela rodovia, domina aquelas curvas e amedronta o motorista quando aparece do nada no retrovisor, o “monstro” de “Não! Não Olhe!” também domina o céu, as montanhas que cercam o rancho e apavora quem ousar olhar para ele. Caberá aos personagens conhecerem seus movimentos e entenderem como ele age.

No final de tudo, “Não! Não Olhe!” não é tão simples quanto parece. Há mais por trás desta roupagem que mistura elementos de ficção científica, terror e até faroeste. Peele inova e resgata personagens outrora marginalizados e literalmente apagados da história - vide a apresentação da personagem de Keke Palmer logo no início do filme - dando a eles uma chance de se tornarem protagonistas de algo grandioso. É verdade que o mundo não saberá do que eles foram capazes, mas nós, espectadores que decidimos olhar, somos testemunhas.

E lá se foi metade do ano... Até agora, qual foi o melhor filme de 2022?

  • "O Beco do Pesadelo"
  • "Spencer"
  • "Morte no Nilo"
  • "Uncharted"
  • "Licorice Pizza"
  • "The Batman"
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  • "O Homem do Norte"
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