Filme com o palhaço Art chega aos cinemas a partir desta quinta-feira (29)
Os fãs do terror não têm do que reclamar de 2022. Só neste ano tivemos exemplares do gênero para todos os gostos: aos que gostam de degustar uma crítica ácida, “O Menu”; àqueles que adoram a mistura entre terror e ficção científica, “Não! Não Olhe!”; para os fãs de jumpscares, “Sorria”; e a lista poderia se prolongar por mais alguns parágrafos com referências a “X - A Marca da Morte”, “Até os Ossos”, entre outros, mas vou direto aos fãs de um subgênero muito nichado que também tiveram sua vez esse ano: o splatter.
Basicamente, o splatter é uma vertente do terror que explora cenas gráficas de sangue e violência através do uso de efeitos práticos, assim, demonstrando fascínio pela vulnerabilidade do corpo humano e por toda a espetacularização de ossos sendo quebrados, cabeças explodindo, corpos sendo decepados e litros de sangue sendo jorrados. Audiência e criador comungam de certo prazer pela violência e pelo gore neste subgênero, por isso, para muitos, o splatter também pode ser classificado, pejorativamente, de torture porn, por parecer gratuito e irresponsável.
Quem diria então que “Terrifier 2”, mesmo com tudo isso e classificação indicativa de 18 anos, conseguiria ganhar espaço nas salas de cinemas? Conseguiu! O primeiro filme, produzido com baixíssimo orçamento em 2016 - apenas US $100 mil dólares -, teve distribuição limitada nos cinemas norte-americanos em 2018 - aqui no Brasil, jamais foi lançado em circuito - e, desde então, virou um fenômeno cult entre os fãs de toda a sanguinolência que o splatter proporciona. Ou melhor, que Art, o Palhaço, proporciona.
No primeiro filme, o sádico vilão interpretado por David H. Thornton rouba a cena com suas caras bizarras e seu jeito debochadamente sinistro: ele dá tchauzinho e sorri para potenciais vítimas, mas não se engane, Art é capaz de rasgar uma pessoa ao meio - e ele faz isso mesmo com uma vítima no filme! - sem grande esforço. Com maior orçamento - US $250 mil dólares - e maior disposição para o gore, “Terrifier 2” gerou rebuliço em seu lançamento nos Estados Unidos ao fazer muitas pessoas vomitarem e até desmaiarem durante as exibições - vai ao cinema? Leve o seu saquinho.
Na sequência de "Terrifier", Art, o Palhaço, volta a aterrorizar a pacata cidade de Miles County. Na continuação, a história assinada pelo diretor Damien Leone foca em Sienna (Lauren LaVera) e seu irmão mais novo, Jonathan (Elliot Fullam). Ou seja: Leone entende que é a hora de mesclar o que a indústria pede - desenvolvimento de personagens - com o que o longa antecessor tinha de melhor: sua violência gráfica.
Dentro das regras da indústria, Leone propõe um filme que serve como palco para Art brilhar. Sendo visto na telona, o palhaço tem uma grande audiência ao seu dispor. E é claro que “Terrifier 2” irá atrair, principalmente, um público nichado que vai ao cinema já preparado para o que vai encontrar, mas no meio deles também estarão os mais desavisados, que poderão se chocar com algumas das cenas mais hardcores do ano. Haja estômago! Já te falei pra levar um saquinho, né?
O que Leone também compreende perfeitamente, é que a sequência de “Terrifier” é o momento certo para fazer de Art, o Palhaço, não só um vilão que continua colecionando vítimas assassinadas das formas mais brutais, sempre com muita carnificina. É preciso ir além para colocar Art definitivamente no hall dos grandes vilões do cinema de horror, ao lado de figuras como Pinhead, Ghostface, Freddy Krueger, Michael Myers e Jason Voorhees.
Para tal, Leone integra certo ar místico e sobrenatural na história, como a criança que só Art pode ver e as cenas de sonho da protagonista que se confundem com a realidade. O diretor brinca com nossa percepção enquanto questionamos o que Art irá aprontar a seguir. O palhaço se torna então imprevisível - é impossível compreender por que ele mata -, e dessa imprevisibilidade surge o poder da protagonista em assumir o uniforme de heroína e se tornar a final girl necessária para derrotá-lo. Será?
Assumindo que o vilão é sobrenatural, vide a cena pós-créditos, que mata por puro sadismo - e para saciar o nosso prazer pelo gore - “Terrifier 2” se entrega corajosamente ao banho de sangue que o cinema mainstream sempre renegou - precisamos de mais George Romeros, Sam Raimis e Damien Leones no cinema contemporâneo -, colocando Art, o Palhaço, entre os grandes vilões do terror e fazendo do filme uma das gratas experiências do gênero em 2022.
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- "X: A Marca da Morte"
- "Não! Não Olhe!"
- "Marte Um"
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- "Aftersun"
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